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Olhar Olímpico

REPORTAGEM

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Teco Padaratz é eleito para comandar o surfe brasileiro até Paris-2024

22/02/2022 11h20

Teco Padaratz é o novo presidente da Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf). Depois de quase quatro anos de mobilização de federações para tirar do poder Adalvo Argolo, o ex-surfista foi eleito hoje (22) em votação arrebatadora contra o ex-presidente: 14 votos para ele, nenhum para Adalvo Argolo e nenhum para Marcelo Barros, seu aliado, que também concorreu.

O resultado ainda depende de confirmação por parte de uma câmara arbitral, a CBMA. Mesmo com o apoio expresso de quase todas as federações e todos os atletas com direito a voto, a comissão eleitoral inicialmente impugnou a candidatura de Teco, alegando que ele influenciou a eleição divulgando fake news. A prova era o compartilhamento de um vídeo, para um contato de Whataspp, com crítica a Adalvo.

A comissão que impugnou Teco foi formada a partir de indicações feitas pelo advogado contratado por Adalvo para a CBSurf, o que gerou enorme revolta no meio do surfe. Sem a candidatura dele, a eleição terminaria 0 a 0 a 0. A Bahia até votou em Marcelo Barros, que é presidente da federação, mas quem votou foi uma pessoa sem procuração. No fim, com a eleição resolvida, esse voto foi retirado, para não haver uma desnecessária nova contestação judicial.

A chapa de Teco recorreu à câmara arbitral indicada pelo COB para mediar conflitos do tipo nas confederações, e na semana passada, em uma espécie de liminar monocrática, a CBMA autorizou Teco a concorrer, derrubando os argumentos da comissão eleitoral que o tiraram do jogo. O mérito ainda será julgado por uma turma de árbitros do CBMA, mas parece muito difícil que a impugnação seja mantida.

Adalvo, que vinha se mantendo no cargo com as mais diversas manobras jurídicas e administrativas desde 2018, até tentou um movimento para derrubar a ata de uma assembleia que o afastou do cargo no ano passado e estar no comando da confederação no dia da eleição. A Justiça de São Paulo, porém, rejeitou o pedido e manteve a confederação sob intervenção até a votação hoje. O mandato dele, afinal, acabou em 2020.

O baiano estava no poder desde 2009, mas até 2017 a CBSurf tinha pouca importância no cenário nacional, realizando apenas eventos amadores, já que uma associação de surfistas organizava os torneios profissionais do país. Quando esse cenário mudou com a inclusão do surfe como modalidade olímpica, o que abriu uma fonte contínua de recursos públicos para a confederação, ela não conseguiu se manter no padrão de qualidade das demais.

Enquanto o skate contratou comissão técnica, montou seleção, bancou viagens de atletas, buscou patrocínio, e passou a discutir as necessidades da modalidade, o surfe se omitiu. Até Adalvo ser retirado, a confederação não pagava salário a nenhum funcionário, exceto ele próprio. O país não teve comissão técnica nem na Olimpíada, quando cada atleta levou um acompanhante.