Duda deixa cidade russa na fronteira com Ucrânia e tem futuro incerto

Maior jogadora da história do handebol brasileiro, Duda Amorim se viu no centro de uma guerra na semana passada. Em primeira temporada pelo Rostov-Don, da Rússia, naquele que deveria ser seu último ano de carreira, ela aproveitou folga no calendário de clubes para deixar o país e viajar até a Macedônia. A previsão era voltar à Rússia amanhã, mas isso não vai acontecer.

Rostov-on-Don tem mais de 1 milhão de habitantes e fica a apenas 150 quilômetros da cidade ucraniana de Mariupol, um dos principais alvos de ataques russos e porto importante no mar de Azov. No handebol, o time da cidade terminou entre os oito primeiros colocados nas últimas quatro edições da Liga dos Campeões e tinha planos de chegar ao título nesta temporada. Para isso, convenceu Duda a encerrar uma história de 12 anos no Gyor, da Hungria, adiar um ano a aposentadoria, e se arriscar na Rússia.

Esses planos estão, porém, suspensos até segunda ordem. Atendendo a recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI), a federação europeia suspendeu as seleções da Rússia e da Belarus, e também os clubes dos dois países. A medida vale "até novo aviso".

Como o Rostov foi o segundo colocado do octogonal do Grupo A, conseguiu o direito de avançar direto às quartas de final, pulando uma fase. O próximo compromisso da equipe é só daqui a oito semanas, no fim de abril. Até lá, a suspensão pode cair.

No sábado passado (25), com a guerra já em andamento, Duda celebrou no Instagram a vitória de uma semana antes que classificou a equipe na Champions e avisou: "Essa semana internacional, como folga, estou a caminho da Macedônia para um breve descanso, mas focada para o restante da temporada." Duda começou sua trajetória na Europa naquele país e é casada com um macedônio.

Desde então, Duda não se pronunciou mais. De acordo com o estafe dela, a jogadora continua na Macedônia, mas abortou os planos de voltar amanhã para a Rússia. A pedido do Rostov, ela não fala sobre o assunto.

A jogadora catarinense anunciou em outubro a aposentadoria da seleção brasileira, foi ao Mundial da Espanha, em dezembro, para assistir aos jogos da arquibancada, como torcedora, e disse que tinha planos de jogar só mais esta temporada por clubes, no Rostov. Depois, pretendia se dedicar à família.