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Paralimpíada autoriza russos como 'atletas neutros' e é criticada
Na contramão do que recomendou o Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), que tem laços estreitos com seu coirmão, decidiu hoje (2) que vai permitir a participação de atletas da Rússia e da Belarus nas Paralimpíadas de Inverno que começam depois de amanhã, sexta (4), em Pequim. Eles terão, porém, que competir como atletas neutros.
Os russos já não poderiam disputar a competição sob sua bandeira e hino, por conta da punição aplicada em 2019 pela Agência Mundial Antidoping (Wada), mas, como se viu nas Olimpíadas de Tóquio e de Pequim, isso não impediu que eles fossem facilmente identificados, já que o time se chamava "Comitê Olímpico Russo".
Agora, porém, os russos serão atletas neutros, competindo pela bandeira paralímpica, mesmo recurso utilizado para o time de refugiados. A medida vale também para os bielo-russos, já que a Belarus tem sido parceira da Rússia no ataque militar à Ucrânia. Segundo o brasileiro Andrew Parsons, que comanda o IPC, a decisão é a mais severa possível dentro das atuais regras e da jurisprudência alemã, onde fica a sede do comitê.
Ao informar a decisão, o IPC soltou nota curta, acrescentando somente que uma assembleia geral extraordinária, ainda em 2022, vai votar se o cumprimento da Trégua Olímpica será requisito para participação de um país e se os comitês russo e bielo-russo serão suspensos ou mesmo expulsos. Hoje, para se excluir um país de uma Paralimpíada, só com aprovação da assembleia geral, que só pode ser convocada com antecedência de seis meses.
Ao longo da história, diversos países deram de ombros para a Trégua Olímpica, mecanismo histórico que deveria suspender guerras para permitir a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Os EUA fizeram isso diversas vezes, no Iraque e Afeganistão, por exemplo, e a própria Rússia atacou a Geórgia durante Pequim-2008 e invadiu a Crimeia, na Ucrânia, durante Sochi-2014. Mas nunca se cogitou impedir a participação de um país por isso.
Mas agora há forte pressão ocidental para que as sanções à Rússia, que têm afetado duramente a economia do país, sejam aplicadas também no esporte. Primeiro o COI anunciou que russos e bielo-russos teriam que competir sob bandeira neutra. Depois, recomendou às federações internacionais que proibissem a participação de atletas desses dois países, em qualquer circunstância. Federações como a de atletismo já botaram a medida em prática.
O IPC, porém, alega que não tinha tempo hábil para tanto. E está sendo criticado por isso, por formadores de opinião do movimento olímpico no ocidente e por entidades como a Global Athlete, que em tese representa atletas de todo o mundo, e soltou nota respaldada por esportistas de Canadá, Alemanha e EUA (todos aliados da Ucrânia) cobrando medidas mais duras.
"Esporte é política. Putin conscientemente usou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos para avançar nas suas agendas doméstica e internacional. Muitos atletas russos são membros do exército russo. Administradores do esporte alegam que a neutralidade política é uma mentira conveniente usada para ignorar pedidos de direitos humanos e paz", alega a entidade.
Inicialmente um dos argumentos para se proibir atletas russos nas Paralimpíadas era que isso seria uma forma de compensar a possível não ida de atletas ucranianos, impedidos de chegarem a Pequim pelo cerco ao país. Mas, sem explicar como foi feita a logística, o IPC informou que todos os 20 ucranianos classificados estarão na competição, para disputar o biatlo e o esqui cross-country. Em 2018, a Ucra^nai ganhou 22 medalhas, sendo sete de ouro.
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