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Ministro volta a questionar Bolsa Atleta paga a Paulo André durante o BBB
O ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), voltou a questionar a Bolsa Atleta de R$ 1.850 ao mês depositada ao velocista Paulo André enquanto ele participa do Big Brother Brasil. O valor é pago por ele ter sido medalhista de prata dos 100m nos Jogos Pan-Americanos de 2019 —como o governo não abriu edital em 2020, PA não recebeu o benefício naquele ano e só pôde se inscrever pelo resultado no edital de 2021, cujos pagamentos vão até maio ou junho de 2022, três anos após o feito.
"Solicitei à Secretaria Especial do Esporte que fizesse um levantamento e não recebi ainda um diagnóstico. A Bolsa [Atleta], ela é liberada para um cronograma de trabalho. Então, dentro dessas premissas, uma das exigências é que o atleta dê sequencia ao seu treinamento. E o caso específico traz um questionamento", disse o ministro, durante o Congresso Olímpico Brasileiro, em Salvador, no fim de semana.
Entre os documentos que deviam ser enviados no ato da inscrição à Bolsa Atleta, em janeiro de 2021, estava um "plano esportivo anual, com plano de treinamento, objetivos e metas esportivas para o ano do recebimento do benefício". Como o edital é de 2021, subentende-se que o plano esportivo era daquele ano, encerrado antes de Paulo André entrar no BBB. Os pagamentos, porém, se estenderam até 2022 porque o governo atrasou em um mês e meio a divulgação da lista de contemplados, o que só aconteceu em maio, adiando também o pagamento da primeira parcela.
Em 2021, Paulo André foi campeão brasileiro, campeão brasileiro universitário e semifinalista olímpico nos 100m. Nos 200m, foi vice-campeão brasileiro e campeão universitário. Com o revezamento, disputou a final do Mundial de Revezamentos (cruzou a linha de chegada em segundo, mas a equipe foi eliminada por um erro na passagem de bastão) e a semifinal olímpica.
Independente do BBB, Paulo André não costuma competir antes de março, especialmente em anos de Mundiais Indoor, uma vez que ele não compete nos 60m rasos. Em 2018, o velocista só estreou em 13 de abril. Em 2020, não chegou a correr antes da pandemia.
Perguntado se a partir do caso de Paulo André o governo deverá criar um setor de fiscalização da Bolsa Atleta, algo que não existe hoje, João Roma desconversou. "A estrutura não é... digamos... é como se você fizesse um... é similar com um projeto de cultura, por exemplo. Você aprova um projeto e, no final, você tem que fazer uma prestação de contas. Durante esse mecanismo, a pessoa pode ter outras formas de desenvolver isso e ter outras entregas estruturadas", disse.
A Bolsa paga a Paulo André, de R$ 1.850, da categoria internacional, para medalhistas de Mundiais, Pan-Americanos e Sul-Americanos, não sofre reajuste desde 2010. Como comparação, o salário base de um jornalista em São Paulo, que também era de R$ 1,8 mil em 2010, hoje está acima de R$ 3,7 mil, corrigido pela inflação.
João Roma relaciona um eventual aumento a uma ampliação na verba destinada pelo orçamento. "Não dá para mudar sem ter orçamento. Tem que se buscar mais orçamento, mas o que é importante é que conseguimos contemplar muito mais atletas. Estamos conseguindo a Bolsa para um volume muito maior de atletas. Mas precisamos, o tempo todo, conquistar maior quinhão orçamentário, lógico", afirmou.
A Lei do Bolsa Atleta prevê dois chamamentos anuais, um para atletas olímpicos, outro para esportistas de modalidades não olímpicas, mas essa segunda fase não é executada desde 2017 por falta de orçamento. Em 2016, foram contemplados 6.152 atletas no edital principal e outros 1.071 no secundário, beneficiando 7.223 atletas.
Sem o segundo edital, os números caíram para 6.200 atletas contemplados em 2018 e 6.248 em 2019. O total de beneficiados voltou a subir em 2021, foram 7.197, depois da inclusão de skate, surfe, beisebol, softbol, basquete 3x3, escalada velocidade, BMX Freestyle e caratê como modalidades olímpicas, o que, por decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), aumentou o leque de atletas que poderiam receber a bolsa.
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