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Olhar Olímpico

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Natação proíbe atletas russos depois de campeão olímpico apoiar Putin

Evento de apoio de olímpicos a Vladimir Putin - Reprodução
Evento de apoio de olímpicos a Vladimir Putin Imagem: Reprodução

23/03/2022 15h34

A Federação Internacional de Natação (Fina), única das grandes entidades do esporte olímpico mundial que continuava tolerando atletas russos, voltou atrás e anunciou nesta quarta-feira (23) que não permitirá a presença deles em nenhuma competição de 2022. Até então, não só eles poderiam competir como neutros como o Mundial de Piscina Curta seguia programado para Kazan, na Rússia.

O discurso de que os atletas russos não representavam, necessariamente, o governo que ataca a Ucrânia, caiu por terra depois que Yevgeny Rylov, campeão olímpico dos 100m e dos 200m costas em Tóquio-2020 e maior nome da natação da Rússia, participou na última sexta-feira de um evento em Moscou de apoio ao presidente Vladimir Putin.

Em uma cerimônia que tinha como objetivo demonstrar a união da Rússia a favor de Putin e de sua guerra contra a Ucrânia, Rylov apareceu sorridente com suas medalhas olímpicas no peito e a letra Z, emblema nacionalista da Rússia exposta em tanques de guerra, sobre a logomarca do comitê olímpico russo e dos anéis olímpicos. A imagem foi entendida pela comunidade internacional como uma tentativa de associação entre os valores olímpicos e a guerra.

O apoio de Rylov a Putin fez aumentar a pressão sobre a Fina, que havia anunciado, há duas semanas, que atletas russos e também da Bielo-Rússia poderiam continuar competindo, sob bandeira neutra. Países como Polônia e Alemanha, como resposta, haviam anunciado que boicotariam os eventos da Fina, incluindo o Campeonato Mundial de Budapeste, em julho.

Hoje, mais cedo, Rylov anunciou que, mesmo liberado, não participaria da competição, em solidariedade aos atletas russos de outras modalidades impedidos de competir. Mas logo a liberação caiu, quando a Fina soltou nota informando que os russos estão banidos de todos os eventos das modalidades aquáticas até o fim de 2022, o que inclui, naturalmente, o Mundial, do qual os bielo-russos também não poderão participar.

Assim, a Fina, que andava na contramão de outras federações internacionais, se tornou a primeira a banir os russos até o fim do ano, enquanto os demais esportes olímpicos suspenderam a Rússia por tempo indeterminado, em punição que pode ser revogada caso a guerra chegue ao fim.

No anúncio de hoje, a Fina também retirou de Kazan o Mundial de Piscina Curta que irá acontecer entre 17 e 22 de dezembro, agora em outro local, que ainda será definido. O Painel Disciplinar da Fina ainda abriu um processo contra Rylov por potencial violação das regras da entidade ao participar do ato "pró-guerra", como definiu a Fina.