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Olhar Olímpico

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Rebeca, Martine e Fratus puxam a fila em defesa de diretor demitido do COB

Rebeca Andrade com Jorge Bichara - Ricardo Bufolin/CBG
Rebeca Andrade com Jorge Bichara Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

24/03/2022 09h34

Rebeca Andrade, Martine Grael, Arthur Nory e Bruno Fratus, todos medalhistas olímpicos, puxaram a fila do que deve ser um dia de intensas homenagens a Jorge Bichara, diretor de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB) demitido na última terça-feira (22) pelo presidente Paulo Wanderley, que pretende ampliar sua influência na área de maior visibilidade na entidade, em busca da reeleição em 2024.

Bichara tinha uma relação paternal com diversos atletas, como Rebeca Andrade, e era o fiador da boa relação entre a elite do esporte olímpico brasileiro e a gestão do COB. Sem dizer isso com todas as letras, ainda que a mensagem esteja implícita em várias publicações feitas na manhã desta quinta-feira, os atletas perdem a confiança na gestão de Paulo Wanderley ao perderem seu interlocutor dentro do comitê. Já que esse é um racha político, entre os dois, ficam ao lado do ex-diretor.

Rebeca Andrade, que virou a principal garota propaganda do bom trabalho que o COB tem feito na área esportiva, presente em diversas ações do comitê nos últimos meses, foi uma das que se posicionou: "Você sempre foi além da relação profissional, estava sempre por perto, com a palavra certa, no momento certo... Não era só trabalho com sua equipe e com os atletas, sempre foi muito mais do que isso, sempre teve muito amor envolvido. A paixão e a atenção que você dedicou todos os dias fizeram muita diferença", ela escreveu, em texto emocionado.

A ginasta deixou claro que via Bichara como um membro da família. "Lembro das nossas conversas e do quanto você foi importante no meu retorno após cada cirurgia. A preocupação era comigo, com o meu bem-estar, com o que eu estava sentindo... Dentro desse mundo você foi um dos poucos que tiveram esse olhar e isso foi fundamental para que eu voltasse. E voltasse cada vez melhor", continuou.

De Martine Grael: "Estamos muito tristes com a saída de um excelente gestor. O Bichara é uma dessas pessoas especiais na nossa vida e trajetória como atletas. Sempre acreditou no nosso potencial mesmo antes dos resultados virem e quando vieram estava sempre festejando e chorando junto".

Bruno Fratus: "Nada adiantaria o nosso suor e dedicação diária sem a capacidade de planejamento, seriedade e conhecimento que Bichara demonstrava de maneira incansável nos corredores de inúmeros centros de treinamento que frequentava. Sempre com uma palavra de sabedoria, de incentivo e sempre falando a língua dos atletas. Porém cada medalha conquistada daqui para frente será fruto do legado incontestável construído por alguém que ama esse uniforme verde-e-amarelo como poucos."

Flávia Saraiva: "Obrigada por ajudar a melhorar meu esporte cada dia mais. Você construiu uma nova história com a gente em todos os aspectos a ginástica foi e é muito grata por ter tido você como diretor de esportes. Bichara, você foi umas das principais pessoas a me ajudar a me tornar quem eu sou hoje como atleta e pessoa."

Jade Barbosa: "Todo o cuidado, carinho e confiança que ele coloca em cada relação, seja com o atleta ou com sua equipe, fazem dele um dos seres humanos mais competentes dentro do esporte brasileiro. Eterna gratidão por ter permitido que muitos atletas, como eu, construíssem e tornassem realidade seus sonhos e pudessem levar o nome do Brasil ao topo do mundo."

Arthur Nory: "Eu estou extremamente chateado e decepcionado com a demissão do Bichara. Nós atletas sempre tivemos livre acesso para nos comunicar com ele; um cara simpático, humilde e muito à frente, sempre nos prevenindo em relação as necessidade de nós atletas. Até aqui tivemos um excelente suporte, infra e atenção, eu espero que todo este histórico que o Bichara implantou continue e permaneça por muitos anos e gerações de atletas."

Paulo Wanderley demitiu Bichara na terça-feira sem maiores explicações. Internamente, os dois tinham uma relação cada vez mais esgotada, e o diretor era uma pedra no caminho da intenção do presidente de dividir a diretoria de Esportes em duas, para promover Christian Trajano, amigo do seu filho Sandro Teixeira e hoje gerente da área de antidoping.

O objetivo, pelo que apurou o Olhar Olímpico, era substituir Bichara por Keiji Saito, nome que encontra enorme resistência no esporte. Por isso, Paulo Wanderley foi aconselhado a buscar um "nome de peso", que deverá ser Ney Wilson, há 21 anos no comando da seleção de judô. Convidado pelo ex-chefe, Ney deve responder ainda hoje.