Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Natação vai ao Mundial com base da pirâmide mais larga, e topo mais baixo
A seleção brasileira de natação terá uma equipe de 30 nomes no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, que será disputado em julho, em Budapeste, na Hungria. A equipe foi convocada pelos resultados de uma única seletiva, o Troféu Brasil, que terminou ontem (9) no Rio. A boa notícia é que o time é o segundo maior da história. Mas a má é que os resultados alcançados no Maria Lenk não empolgam.
Pensando que os nadadores de alto rendimento do país formam uma pirâmide, é positivo que a base dela seja cada vez mais larga, composta por mais atletas, de mais provas, com aumento da presença de mulheres. Mas, na comparação com o passado recente, há menos atletas no topo dessa pirâmide, em condições de brigar de fato por medalha.
É verdade que o melhor nadador do país, Bruno Fratus, não participou da seletiva, porque nem precisava — a CBDA, acertadamente, convocou previamente os finalistas olímpicos. Mas, na ausência dele, nenhum nadador fez resultado, em prova olímpica, que o credencie a sequer entrar em final no Mundial.
As exceções foram Nicholas Santos, nos 50m borboleta, e João Luiz Gomes Jr, nos 50m peito. Mas eles têm 42 e 36 anos, respectivamente, e as provas não são olímpicas, o que acaba valendo quase nada pensando em Paris-2024 — João nem conseguiu índice nos 100m peito, prova em que o Brasil não classificou ninguém.
Recorde brasileiro mesmo, só um foi batido no Troféu Brasil, o dos 100m peito feminino, com a cada vez melhor Jhennifer Conceição. Mas o resultado dela é um exemplo dessa base mais larga: ela volta a um Mundial de piscina longa depois de sete anos, o que é ótimo, mas com um tempo que não valeria nem semifinal olímpica.
O atletismo tem sofrido com esse cenário nos últimos anos. Delegações ficando maiores, mas poucos atletas brigando por medalhas, e a enorme maioria dos brasileiros eliminados na primeira bateria, indo às grandes competições para se apresentarem uma única vez.
É verdade que, ainda assim, o atletismo ganhou duas medalhas na Olimpíada, e a natação também. Mas dá para ser melhor. Nos 50m livre, por exemplo, quatro nadadores (incluindo Fratus, que não nadou desta vez) fizeram marcas abaixo do atual índice de 22s15 no Troféu Brasil de 2019. Este ano, só um, Luiz Gustavo Borges, que entrou em uma seleção de Mundial de piscina longa pela primeira vez.
Nos 100m livre masculino, outra prova importante para a natação brasileira, em 2019 os cinco primeiros colocados do Troféu Brasil nadaram abaixo de 48s77, atual índice para o Mundial. Neste ano, só dois, e um deles por um centésimo. Com o tempo que venceu o torneio em 2022, Gabriel Santos seria só quinto em 2019.
Atletas como Brandonn Pierry, Pedro Spajari (que nem vão ao Mundial), Guilherme Bassetto, Breno Correia (só irão para nadar revezamento), Caio Pumputis e Vini Lanza não mantiveram a evolução esperada para suas carreiras, ao menos não pensando em seleção brasileira. Todos são novos, porém, e têm um longo futuro pela frente.
Mas bons nomes surgiram (ou se consolidaram) neste Troféu Brasil, e esse é o primeiro passo para que, no futuro, o Brasil tenha mais atletas brigando por medalhas. Nessa lista aparecem Matheus Gonche, que se classificou nos 100m e nos 200m borboleta, e os jovens Murilo Sartori, Stephan Steverink e principalmente Stephanie Balduccini. Os dois últimos têm só 17 anos e vão estrear em Mundiais.
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