Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Governo quer democratizar paradesporto mas sem investir um Real
O governo federal publicou no Diário Oficial, na semana passada, as diretrizes do programa "Avança Paradesporto do Brasil", uma iniciativa para democratizar o acesso de pessoas com deficiência ao treinamento esportivo. Em seu site, a Secretaria Especial do Esporte explicou que "estados, municípios, Organizações da Sociedade Civil, instituições e clubes que já trabalham com o paradesporto poderão receber suporte financeiro do governo federal para melhorar suas atividades e condições para o alto rendimento dos atletas".
No papel, é lindo. Na prática, não funciona. Por um motivo muito simples, explicitado pela Secretaria no mesmo texto: o Executivo não vai disponibilizar nenhum real para o programa no Orçamento de 2023. De acordo com a pasta, a verba viria de emendas parlamentares, que dependem, claro, da boa vontade do Legislativo.
O caso do recém-lançado Avança Paradesporto é exemplar, mas passa longe de ser único. A soma da destruição do Ministério do Esporte com a entrega das chaves do orçamento para Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, resulta em uma terceirização de responsabilidades no esporte. Sem dinheiro e sem voz, a Secretaria Especial do Esporte não cria política pública — e nem estou citando a falta de capacidade e de entender o esporte brasileiro, um julgamento meu.
Mesmo quando a Secretaria quer fazer alguma coisa, ou parece querer, encontra resistência dentro do governo. O Esporte cria um programa no papel, mas a Economia não cede dinheiro. Ou seja: se algum deputado ou senador aceitar ceder parte da cota parlamentar dele para criar um tal núcleo do Avança Paradesporto, legal. Se não, não há nada o que fazer.
Com o orçamento na mão dos deputados e senadores, mesmo que alguns núcleos venham a ser montados, serão em locais pensados de acordo com a estratégia política desses parlamentares, não a partir das necessidades do país. Isso não é política pública, é política eleitoral. Com Jair Bolsonaro buscando a reeleição e dependendo do apoio do Centrão, tudo bem para o governo se a banda tocar assim.
A 236 dias do fim do governo Bolsonaro, o mandato do atual presidente ainda não deixou qualquer marca no esporte. Algumas boas ações — promessa de construir um centro de skate, manutenção de um CT de saltos ornamentais — seriam insuficientes até para um governo estadual. Para o governo federal, é vergonhoso.
E o orçamento do Esporte diminuiu um pouco mais...
O Ministério do Esporte já tem pouco orçamento para executar políticas públicas, e vai ter ainda menos. A Comissão do Esporte na Câmara aprovou um projeto de lei que repassa 0,01% do arrecadado com as Loterias para a Confederação Brasileira de Desporto de Surdos (CBDS). O dinheiro sai do que antes ia para o Ministério. Pode até ser pouco desta vez, coisa de R$ 1,7 milhão ao ano, mas é mais um passo para terceirizar a responsabilidade de fazer política pública.
Demonstração de força
O COB terá "atletas de alto nível" nos Jogos Sul-Americanos, em outubro, no Paraguai. O anúncio foi feito pelo presidente Paulo Wanderley, como quem diz: "agora sou eu que dou as cartas no esporte". Ele defendia que o Brasil levasse os melhores atletas possíveis para Assunção, enquanto a diretoria de Esporte que ele destituiu pretendia aproveitar o evento para avaliar atletas de segundo escalão ou jovens promessas.
Estagnação na base
Na versão juvenil do torneio regional, os Jogos Sul-Americanos da Juventude, que foi disputado em Rosário até ontem, o Brasil ganhou 147 medalhas, sendo 64 de ouro, terminando com folga em primeiro. É uma campanha parecida com a edição de 2017, em Santiago, quando o Time Brasil somou 151 medalhas, sendo 61 de ouro. Diante da evolução do país no quadro de medalhas dos últimos eventos poliesportivos (Jogos Pan-Americanos, Olimpíada...), a estagnação no torneio da base da pirâmide é um sinal de alerta.
Em busca dos torneios universitários
A Universíade de Chengdu (China), que deveria ser em 2021 e foi adiada para 2022 por causa da pandemia, agora foi remarcada para 2023, devido a uma forte onda de covid na China. Vai ocupar, no calendário, o espaço da Universíade de Ecaterimburgo, na Rússia, cidade que perdeu o evento por causa da guerra.
Em meio a esse remanejamento, a Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) quer que o Mundial Universitário de vôlei de praia venha para o Brasil, para acontecer junto ao de triatlo, em Maceió, em setembro. E quem sabe trazer para o Parque Olímpico, no Rio, os Mundiais de natação e de tênis.
Vitórias no vôlei de praia e no taekwondo
Bárbara Seixas e Carol Solberg venceram o Challenge de Doha (Qatar) do Circuito Mundial de vôlei de praia no fim de semana. O ciclo olímpico está apenas começando, as principais etapas do ano ainda não foram disputadas, mas o segundo lugar das brasileiras no ranking mundial é para ser celebrado. Carol, que está com 34 anos, merece jogar uma Olimpíada. Tomara seja em Paris.
13 medalhas e seis campeões
O Brasil foi o campeão geral do Campeonato Pan-Americano de taekwondo, disputado na República Dominicana, com 13 medalhas e a melhor campanha da história. Destaque para a campanha de Gabriel Fabre (63kg), que venceu dois medalhistas mundiais e um medalhista olímpico para chegar ao ouro. Outros cinco brasileiros foram campeões: Paulo Melo, Ícaro Miguel, Netinho, Milena Titoneli e Caroline Gomes.
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