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Palco de bagunça na Champions, Saint-Denis é alvo de disputa na Olimpíada
Palco da final da Liga dos Campeões, a cidade de Saint-Denis será, também, protagonista dos Jogos Olímpicos de Paris. Assim como no jogo que deu ao Real Madrid o título europeu, é a Cidade Luz quem leva a fama, mas cabe ao departamento continental mais pobre da França receber eventos importantes.
Saint-Denis está para Paris assim como Guarulhos ou Barueri estão para São Paulo, ou como São Lourenço da Mata (onde fica a Arena Pernambuco) está para Recife, por exemplo. A final da Champions é, para fins publicitários, em Paris, que é a cidade onde torcedores e jogadores se hospedam e onde ficam as fan fests. O jogo em si ocorre em Saint-Denis, pouco ao norte da capital da França.
A Olimpíada de 2024 é a "de Paris", mas boa parte das competições está prevista, desde a fase de candidatura, para Saint-Dennis, departamento mais pobre entre os 101 da França continental, onde moram especialmente imigrantes e trabalhadores da indústria. Fica lá o principal reduto da esquerda radical francesa — nas eleições deste ano, o candidato da esquerda radical Jean-Luc Melenchon teve 61% dos votos dali.
O departamento é administrado desde 2015 pelo socialista Stéphane Troussel, parceiro de primeira hora da prefeita de Paris Anne Hidalgo, do mesmo partido. Quando Paris se candidatou a receber a Olimpíada de 2024, o plano já era que Saint-Denis receberia fortes investimentos, com a construção ali da Vila Olímpica, que depois será transformada em moradias sociais,
Construído para a Copa de 1998, o Stade de France, em Saint-Denis, será o Estádio Olímpico de uma Olimpíada que agora promete fazer uma cerimônia de abertura não tradicional, com desfile pelo rio Sena. Sem este evento, o estádio ganhou o direito de sediar as competições de rúgbi, esporte bastante popular na França. Principal esporte dos Jogos Olímpicos, o atletismo também será no Stade de France, depois que acabarem as partidas de rúgbi.
Mas, desde 2020, Saint-Denis tem perdido modalidades. No processo de candidatura, a previsão era a construção de uma arena provisória para a competição de natação, em frente ao estádio. Mas a modalidade, outra muito importante no programa olímpico, foi levada para o estádio de um time de rúgbi de Paris, que será adaptado. Seguem em Saint-Dennis apenas os demais esportes aquáticos de arena: natação artística, saltos ornamentais e polo aquático — este último, só nas fases iniciais.
Sob o argumento de diminuir os custos dos Jogos, também foi retirado de Saint-Dennis todo o torneio de vôlei, que aconteceria em uma arena provisória em Le Bourget, a oeste do Stade de France. Quando esses novos planos foram anunciados, em 2020, foi informado que o torneio seria levado para a cidade de Lille, a mais de 200 quilômetros de Paris. No fim os jogos vão acontecer em uma arena provisória dentro do Paris Expo, um enorme centro de exposições ao sul da Paris.
No rearranjo feito em 2020, além de perder a cerimônia de abertura, a natação e o vôlei, Saint-Denis também ficou sem o badminton, que terá como sede um novo ginásio no norte da cidade de Paris, já perto de Saint-Denis. Em troca, ganhou o rúgbi sevens e a escalada velocidade, inicialmente prevista para uma estrutura urbana no centro da capital.
Agora, porém, os organizadores também parecem dispostos a tirarem de lá o tiro esportivo. Esta semana, o L'Equipe publicou que a tendência é o torneio ser disputado no Centro Nacional de Tiro de Châteauroux, a 150 quilômetros de Paris. O local havia sido rejeitado de início, por causa da distância, mas agora que o surfe vai acontecer no Taiti e o handebol em Lille, uma instalação a duas horas de trem do centro de Paris não parece tão má ideia.
A favor de Châteauroux há o fato de a estrutura estar quase pronta, enquanto que em La Courneuve, em Saint-Denis, ainda serem necessárias muitas obras, uma vez que o local era uma instalação militar de armazenamento. Quando o assunto começou a ser discutido em público, o prefeito de Saint-Denis se revoltou: "Eles (o comitê organizador) tem que trabalhar conosco, não nas nossas costas", reclamou ele, para a AFP.
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