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Ana Marcela é bronze e mantém tabu nos 10km em Mundial

Ana Marcela Cunha após prova de 10km no Mundial de Budapeste - CBDA/Divulgação
Ana Marcela Cunha após prova de 10km no Mundial de Budapeste Imagem: CBDA/Divulgação

29/06/2022 05h24

Ana Marcela Cunha conquistou nesta quarta-feira (29) sua 14ª medalha em Campeonatos Mundiais nas águas abertas, a quarta nos 10 quilômetros, voltando ao pódio da prova depois de ficar de fora dele em 2019. Em Budapeste, a brasileira foi superada na batida de mão, em uma chegada emocionante, e terminou na terceira colocação, com bronze.

Assim, segue o tabu. Campeã de quase tudo, inclusive do ouro olímpico em Tóquio, Ana Marcela Cunha continua sem conseguir vencer a prova mais importante dos Campeonatos Mundiais. É a única medalha dourada que falta na sua enorme coleção. Vivi Jungblut fez uma prova abaixo do esperava e terminou na 16ª colocação. No masculino, Guilherme Costa, o Cachorrão, abandonou.

Na prova feminina, a disputa foi no photo finishing, que mostrou que a holandesa Sharon van Rouwendaal , campeã olímpica em 2016 e prata no Rio, bateu pouquíssimo à frente da alemã Leonie Beck, com quem Ana Marcela vinha travando disputa direta por cerca de 500 metros. A holandesa veio por fora e passou à frente das duas. A brasileira bateu cerca de um segundo atrás.

"Eu tentei segurar ao máximo. Ficou eu, Leonie e Sharon. Duas campeãs olímpicas, sabia que ia ser um final dificil, elas vinham mordidas pelos 5 (quilômetros). A gente veio com o objetivo de ganhar tudo, não escondo isso, mas a gente está muito feliz. Sou a única com duas medalhas, posso sair com três", disse Ana Marcela ao SporTV.

Não que as outras provas não sejam importantes, mas é para os 10 quilômetros que todas as melhores do mundo treinam, porque esta é a disputa olímpica. Até o nome da modalidade em português mudou para deixar isso claro. Agora é chamada águas abertas porque maratona aquática é só a prova de 10km, como no atletismo maratona é a corrida de 42,195km.

Em um vocabulário mais técnico, então, é possível dizer que Ana Marcela segue com o tabu de não conseguir ser campeã mundial da maratona aquática. Antes ela ganhou quatro vezes a prova de 25 quilômetros (2011, 2015, 2017 e 2019) e duas a de 5 quilômetros (2019 e 2022), sendo atual tetracampeã de uma e bicampeã de outra. Na maratona, ela foi bronze em 2015 e 2017 e prata em 2013, ano em que a vitória foi de Poliana Okimoto.

Ana Marcela ainda deve participar dos 25 quilômetros, amanhã (30), em um calendário tido como insano para qualquer mortal. O usual é que haja uma distância de cinco dias entre os 10km e os 25km no Mundial, com o revezamento 4x1,25km no meio. Desta vez, a prova por equipes abriu o calendário e as duas provas mais longas vão acontecer em sequência, exigindo que uma atleta nade 35 quilômetros em um intervalo de 28 horas.

Pensando na campanha do Brasil no Mundial de Esportes Aquáticos, esta é a quarta medalha do país, a segunda em provas olímpicas. Na natação, Cachorrão foi bronze nos 400m livre e Nicholas Santos prata nos 50m borboleta. As outras duas medalhas vieram com Ana Marcela.

Cachorrão, aliás, sentiu o cansaço. Em sua primeira prova internacional de maratonas aquáticas, depois de pegar a vaga na seletiva brasileira, ele chegou a nadar no primeiro pelotão, mas foi perdendo posições e abandonou antes de entrar na última volta. Bruce Hanson, irmão de Brandonn Pierry, ficou em 25º.

A prova teve vitória do italiano Gregorio Paltrinieri, vencendo seu companheiro de treino Domenico Acerenza na batida de mão, e bronze para o alemão Florian Wellbrock, confirmando uma tendência de sucesso, nas águas abertas masculinas, dos atletas que dominam as provas de fundo da natação. Na piscina, no Mundial, Paltrinieri ganhou os 1.500m e foi quarto nos 800m, enquanto Wellbrock levou uma prata e um bronze — eles já haviam sido, respectivamente, bronze e ouro nas Olimpíadas de Tóquio. E o ucraniano Mykhailo Roamnchuk, também desta elite do fundo, terceiro numa prova e quinto na outra, ficou em sexto nas águas abertas.