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Olhar Olímpico

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Flávia Saraiva é campeã em casa e mostra que pode brigar no topo

A ginasta Flávia Saraiva foi campeã da trava no Campeonato Pan-Americano realizado no Rio de Janeiro. Arena Carioca 1. 15/07/2022 - Ricardo Bufolin/Panamerica Press/CBG
A ginasta Flávia Saraiva foi campeã da trava no Campeonato Pan-Americano realizado no Rio de Janeiro. Arena Carioca 1. 15/07/2022 Imagem: Ricardo Bufolin/Panamerica Press/CBG

16/07/2022 04h00

O apelido de Flavinha já é só por causa da altura. Aos 22 anos, Flávia Saraiva é uma ginasta experiente, finalista de duas Olimpíadas, mas que ainda briga para ser, no adulto, a campeã que foi na base. Nesta sexta-feira (15), no Rio, ela deu um passo importante ao conquistar pela primeira vez um título pan-americano. Não um, dois, na verdade. Competindo em casa, venceu na trave, sua especialidade, e, mais importante, ganhou também o individual geral.

"Isso vai me dando confiança conforme meu trabalho e meu treinamento. Não fui só eu que me apresentei da melhor forma. As meninas me ajudaram muito. A medalha é de todas nós", disse Flavinha, depois da prova, repetindo o mantra da equipe, de que todos os resultados são de todas, e fruto de um trabalho coletivo.

Mas só Flávia sabe, como ela também disse na entrevista, a dificuldade que foi voltar a competir no nível apresentado ontem, em seu primeiro torneio de individual geral desde antes de Tóquio, onde competiu com lesão no tornozelo direito. Ela, que nunca havia sido operada na carreira, uma verdadeira exceção na vida de uma ginasta, foi à mesa de cirurgia pela primeira vez em agosto passado.

"Foi muito difícil conseguir voltar. Só eu sei a minha dificuldade todos os dias dentro do ginásio. Estou muito feliz de estar aqui competindo depois da cirurgia. É uma conquista muito grande. Não fiz a melhor série de trave, o solo, eu podia dar uma melhorada, foi o melhor que eu poderia apresentar hoje, mas ainda quero melhorar cada vez mais", comentou ela, que fez uma apresentação de altíssimo nível.

Somou 55,399 pontos e deixou muito para trás as americanas Lexi Kay Zeiss (54,199) e Skye Amiel (52,933). É verdade que os EUA não trouxeram ao Rio a campeã olímpica Sunisa Lee e que Rebeca não competiu no solo, o que a tirou da disputa do individual geral. Mas estavam no Pan, por exemplo, Kayla DiCello, bronze no individual geral do Mundial do ano passado.

Quando comparado a outros eventos que já aconteceram sob o novo código de pontuação, o resultado de Flavinha se destaca. Com 55,399 pontos, ela teria, por exemplo, vencido o Torneio de Jesolo, na Itália, bastante tradicional na ginástica artística, e onde a norte-americana Konnor McClain foi ouro com 54,999.

Com Flavinha bem e Rebeca competindo no nível que a levou ao vice-campeonato olímpico em Tóquio no individual geral, o Brasil fechou a classificatória por equipes em primeiro, com pontuação relevante: 161,967 pontos, ante 160,466 dos EUA. Se puder contar com Lorrane Oliveira no Mundial, depois de ela ser poupada e ficar na reserva no Mundial, com Rebeca se apresentando no solo e fazendo seu melhor salto, o que não aconteceu no Pan, a tendência é o Brasil conseguir ao menos 3 pontos a mais.

E isso, em tese, colocaria o Brasil na briga por uma vaga olímpica já no Mundial de Liverpool, em outubro, quando três lugares em Paris-2024 serão oferecidos. Sem a Rússia, campeã olímpica em Tóquio, e contando que os EUA são sempre favoritos, a briga ficaria com Itália, Grã-Bretanha, China, Japão e França. Quarta colocada em Tóquio, a Itália fez 162 pontos em Jesolo e 163 pontos no também tradicional DTB Pokal, em Stuttgart (Alemanha).

No domingo pela manhã, com direito a transmissão no Esporte Espetacular, esse potencial da seleção feminina será colocado à prova. A final por equipes colocará Brasil e EUA na mesma rotação, com uma brasileira e uma americana se revezando em cada aparelho. Nesta prova, só três atletas de cada país se apresentam, sem descarte. Ontem eram quatro apresentações, com um descarte.