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Olhar Olímpico

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'Competir é muito fácil', diz campeão mundial Piu, que quer ser lenda

20/07/2022 00h34

Quem vê Alison 'Piu' dos Santos correr os 400m com barreiras tem a impressão de que é fácil. E, para ele, é mesmo. Campeão mundial nesta terça-feira em Eugene, nos Estados Unidos, colocando mais de meio segundo sobre o segundo colocado, que não é nada menos do que o segundo melhor de todos os tempos, Piu expressou em palavras o que sente quem o vê correndo. A pista é sua casa.

"Estou com o apelido da gelado por causa do uniforme da Adidas, e estou trazendo isso para a prova. Competir é muito fácil. Não tem dor, stress, nada. Fico nervoso nos treinos. Quando estou aqui eu me sinto em casa. Me sinto muito confortável porque sei que a parte dificil já foi", disse Piu ao SporTV após a prova.

O título veio na casa do atletismo. A Universidade do Oregon é uma dos locais mais importantes desta modalidade, onde treinaram diversos campeões olímpicos (como Joaquim Cruz) e mundiais (como Zequinha Barbosa), e foi nesta pista que Piu escreveu um capítulo do enorme livro que quer escrever.

"Eu e o meu treinador, o Felipe (Siqueira), e a gente sempre conversou de fazer história. A gente quer ser uma lenda. Daqui 30 anos vão falar de 400m com barreiras e vão falar de Alison dos Santos. Tem que começar cedo. Não dá para esperar 2024, 2028", comentou ele, que, aos 22 anos, já tem um bronze olímpico, um título mundial e uma pilha de recordes sul-americanos.

Pelo resultado de hoje, Piu agora também é recordista do campeonato mundial, com 46s29. A marca é a terceira melhor de todos os tempos, e aproxima o brasileiro dos dois primeiros da lista: o norueguês Karstem Warholm, com 45s94, e o americano Rai Benjamin, com 46s17, ambas marcas feitas na final olímpica do ano passado, quando Piu foi terceiro com 46s82.

Em menos de um ano, Piu, que já vinha em uma enorme crescente, melhorou 53 centésimos de segundo seu recorde pessoal/brasileiro/sul-americano. Agora, está a apenas 35 centésimos do recorde mundial de Warholm.

"Em algum momento 46 era distante. 45 foi e já não é mais. A pergunta não é mais se é possível, é quando. Se o Warholm pode, então eu o Benjamin, todo mundo pode correr", avalia Piu. Até o começo do ano passado, o 400m com barreiras tinha o recorde masculino de pista mais antigo do esporte mundial, o 46s78 de Kevin Young em Barcelona-1992. Parecia uma marca de outro mundo. Pois hoje Piu foi meio segundo mais rápida que ela.