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Sangue de Touro: Sobrinho de Esquiva é nova aposta do boxe brasileiro
Dez anos depois de Esquiva e Yamaguchi subirem ao pódio dos Jogos Olímpicos de Londres, a família Falcão tem uma nova aposta para ganhar medalha em Paris. Sobrinho deles, mas criado como se fosse irmão, Yuri Falcão, de apenas 19 anos, venceu o Campeonato Brasileiro —disputado há duas semanas no Rio—, na categoria até 63,5 kg, e nas próximas semanas deve se juntar à seleção permanente que treina em São Paulo.
Por causa do título nacional adulto, o primeiro da carreira, Yuri deve se tornar o "titular" da categoria, que hoje não tem representantes na seleção permanente. "Até o ano passado, eu não tinha me adaptado ao peso, mas esse ano vim mil vezes melhor, me sentindo mais forte", contou Yuri, que, na final do Brasileiro, derrubou duas vezes o rival Cássio Oliveira, medalhista do Mundial Cadete em 2013.
No fim de semana passado, Yuri atropelou um equatoriano, um mexicano e um argentino, este último por nocaute técnico, para vencer o Grand Prix de Boxe, também no Rio, quando conversou com a coluna.
É verdade que os brasileiros venceram o torneio amistoso em todas as categorias, mas Yuri, que já havia ficado a uma vitória da medalha no Mundial Júnior do ano passado, deixou claro que é um lutador de outro nível, da mesma prateleira de Esquiva e Yamaguchi, os outros astros do incrível casting de boxeadores da família do também ex-boxeador Touro Moreno.
"A primeira luva quem colocou foi meu avô. Eu treinava só por hobby e só fui começar a levar a sério com 14 anos, quando fui para São Paulo", conta Yuri, confessando que, na verdade, nem gosta de chamar Touro de avô. "Ele é pai, está sempre comigo. Ele me criou como filho. Meus pais são separados, não tenho esse convívio todo com o meu pai. Quem me criou foi meu avô e minha avó. O Yamaguchi e o Esquiva são meus irmãos", diz o garoto, filho de Deusolinda, a irmã mais velha dos hoje boxeadores profissionais.
Desde que os dois medalhistas olímpicos deixaram o boxe amador e migraram para o profissional, outros irmãos já tentaram carreira. Estivan, o Tunny, chegou a ser campeão brasileiro amador, fez parte da seleção, e disputou o Sul-Americano da Juventude de 2013, mas perdeu espaço no início do ciclo para Tóquio. Há cinco anos no boxe profissional, tem cartel de 11 vitórias lutando no Brasil e agora vai começar a se arriscar nos EUA. Luciano, o último da lista de irmãos, não vingou no amador e, no profissional, está com cinco vitórias em cinco lutas.
De todos, é com Yamaguchi que Yuri mais se assemelha. "Pelo boxear mais agressivo. Com o Esquiva também, quando bota a guarda mais em cima, fechadinho, passando golpe, olhando. Na curta, pareço um pouco com ele. O Yamaguchi boxeia mais para trás. O Esquiva é mais para frente, passando golpe", explica o garoto.
Yuri até quer seguir o caminho dos tios e um dia ser lutador profissional. Por enquanto, porém, pensa nas Olimpíadas e quer se consolidar no amador. "A meta maior é ganhar medalha em 2024, em Paris. Ir disputando os campeonatinhos, trazendo resultado, e chegar bem na Olimpíada".
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