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Letícia Oro surpreende e ganha bronze no salto em distância no Mundial
Letícia Oro Melo, de 24 anos, nunca havia participado de um Campeonato Mundial, nem mesmo na base. Também nunca competiu os Jogos Pan-Americanos, ou uma competição de grande porte. Mas, neste domingo, ela colocou seu nome na história do atletismo brasileiro ao ganhar a medalha de bronze no salto em distância no Mundial do Oregon, na cidade de Eugene, nos Estados Unidos. Ela acertou o primeiro salto, com 6,89m, e depois errou todos os outros.
Ela é só a segunda mulher brasileira a ganhar medalha em Mundiais de Atletismo, que são os disputados em estádio aberto. Antes dela, só Fabiana Murer tinha duas medalhas, ambas no salto com vara: o ouro de 2011 e a prata de 2015.
Na zona da medalha desde a primeira rodada da final, Letícia, que estava sendo treinada na pista por Tânia Moura, foi ousada, atacou a tábua, mas queimou todos os cinco saltos. Acabou com o bronze por detalhes. A quarta colocada saltou 6,88m (um centímetro a menos), e a quinta e a sexta saltaram 6,87m (um a menos). Mesmo a oitava colocada ficou apenas cinco centímetros abaixo da brasileira.
O resultado emula, de certa forma, o ouro olímpico de Maurren Maggi nos Jogos de Pequim, também no salto em distância. Maurren também não era favorita, treinada por Nélio Moura (marido de Tânia), e acertou um salto de 7,04m logo na primeira tentativa. Depois, foi se mantendo na primeira colocação.
Letícia não era uma atleta considerada da elite do atletismo brasileiro, até hoje. Formada na Corville, de Joinville, teve uma carreira vitoriosa na base (foi campeã sul-americana sub-18 em 2014 e sub-20 em 2015), mas não estourou quando chegou ao adulto. Isso só foi acontecer em 2021, já aos 23 anos, quando ela fez cinco competições seguidas saltando acima de 6,50m, ganhando, em maio, o Campeonato Sul-Americano.
No segundo semestre, porém, ela sofreu lesão de ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho, tida como uma das mais graves do esporte, e precisou passar por cirurgia. Ficou sete meses afastada e só voltou a participar de uma competição no mês passado. Logo no retorno, venceu o Troféu Brasil com 6,59m.
Em uma postura controversa, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) garantiu aos campeões sul-americanos de 2021 a convocação para o Mundial de 2022, mais de um ano depois. Em diversos casos, isso significou atletas brasileiros terminando entre os últimos no Oregon, mas não Leticia. Nas eliminatórias, ontem, ela surpreendeu saltando 6,64m, melhor da carreira, para pegar a última vaga na final.
Hoje, Letícia abriu a competição com um ótimo salto de 6,89m, melhorando 25cm seu recorde pessoal, que de cara a colocou como líder da final e com condições de ser medalhista sem precisar melhorar. Ese Brume, da Nigéria, a passou na terceira tentativa e a alemã Malaika Mihambo, atual campeã olímpica, assumiu a primeira colocação na quarta rodada.
Sabendo que só valeria para ela um salto acima de 6,89m, Letícia passou a atacar bastante a tábua, errando a passada e queimando quatro saltos — ao menos três deles, se valessem, seriam tão bons ou até melhores que 6,89m. E, enquanto isso, suas rivais seguiam sem conseguir ultrapassá-la.
Como continuou assim até a última rodada, Letícia chegou ao último salto já com o bronze no peito. Ela tentou buscar ao menos a prata, mas não conseguiu. Terminou a 13 centímetros de Brume, a segunda colocada, e a 23 de Mihambo, a campeã.
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