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Candidato, Maurício Souza já foi preso e responde por porte ilegal de arma

Maurício Souza e Eduardo Bolsonaro - Reprodução/Instagram
Maurício Souza e Eduardo Bolsonaro Imagem: Reprodução/Instagram

10/08/2022 13h00

Candidato a deputado federal, o campeão olímpico Maurício Souza precisa de autorização judicial para se ausentar da comarca de Arinos, no interior de Minas Gerais, por mais de 15 dias. Essa foi uma das condições impostas pelo juiz Gustavo Obata Trevisan para autorizar que o jogador fosse colocado em liberdade depois de ser preso em flagrante por porte ilegal de arma e munição em novembro do ano passado. A autoridade policial exigiu uma fiança de R$ 1,1 mil, que foi paga.

O caso era desconhecido da imprensa e só veio à tona agora que Maurício apresentou à Justiça Eleitoral as certidões criminais necessárias para se tornar candidato a uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PL de Minas Gerais. Nos documentos relativos à Justiça estadual, são citadas duas cartas precatórias, ações do juiz de Arinos para tentar ouvir o acusado.

De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o UOL teve acesso, a prisão ocorreu na noite de 24 de novembro de 2021, dois dias depois de um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Os policiais pararam a caminhonete dirigida por Maurício na rodovia MG 202 e notaram que o jogador aparentava nervosismo. Vistoriando o carro, encontraram uma cartela de munições calibre 32 junto à porta do motorista.

Depois, acharam uma pistola Taurus calibre 7.65 no compartimento de carga do veículo, no meio de sacos. Pelo que relataram os policiais, a pistola estava ao alcance do motorista pela janela que separa a cabine do compartimento, o que configuraria o porte, e não só a posse, da arma.

Consta no boletim de ocorrência que Maurício confirmou à polícia que não tinha qualquer documentação ligada ao armamento, nem tinha porte de armas. "Diante dos fatos, Maurício foi preso em flagrante e conduzido a esta delegacia", explica o BO.

Na delegacia, Maurício afirmou, ainda segundo o BO, que havia comprado a arma havia um ano e meio, por R$ 6,5 mil, "de um indivíduo que não sabe o nome e nem possui contato". Ele ainda argumentou que adquiriu o armamento em 2021 "em razão das diversas ameaças que vem sofrendo", mas que nunca registrou essas ameaças —Maurício virou alvo de críticas quando fez uma postagem de teor homofóbico em 12 de outubro passado.

Ainda que o Minas tenha pagado a integralidade do salário do jogador até o fim do contrato, em maio de 2022, depois de dispensá-lo no fim de outubro, o jogador afirmou ao delegado que não possuía renda mensal fixa, apenas algumas parcerias de Instagram, o que lhe rendia "algo em torno de R$ 3 mil". Foi a partir daí que o delegado calculou o valor da fiança, paga por Maurício: R$ 1,1 mil.

O valor depois foi ratificado pelo juiz da comarca de Arinos, que também determinou outras duas medidas cautelares, que continuam valendo. Uma é a proibição de se ausentar da comarca por mais de 15 dias seguidos sem autorização do juízo. A outra, o comparecimento bimestral em juízo, para informar e justificar atividades.

Maurício foi lançado candidato a deputado federal por um grupo suprapartidário pró-armamento com ramificações em diversos estados e o objetivo de criar uma "bancada dos CAC's", em referência à sigla para colecionadores de armas, atiradores e caçadores. Ou seja, quem tem arma legalizada. O jogador de vôlei é um dos mais de 50 candidatos lançados pelo movimento. O grupo inclui, entre outros nomes, ex-secretário de Cultura Mario Frias (PL-SP) e o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

Procurado pela coluna, Mauricio não deu detalhes sobre como adquiriu o armamento. Ele enviou o seguinte posicionamento: "Estava sofrendo ameaça diariamente e a gente fica sem chão, para defender a nossa família. Para defender minha família faço o que for preciso".