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Basquete: CBB e NBB entram em pé de guerra enquanto seleção vive crise
Está aberta a guerra entre a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e a Liga Nacional de Basquete (LNB). A entidade, que organiza o Novo Basquete Brasil (NBB), decidiu hoje (30) entrar na Justiça contra a CBB para fazer valer o Termo de Cooperação assinado entre as duas partes em 2009 e ratificado em 2018. Enquanto isso, a seleção brasileira vive um dos piores momentos de sua história.
Ontem, a equipe deu vexame em Jaraguá do Sul (SC), onde foi atropelada pelo México em partida válida pelas Eliminatórias do Mundial, perdendo por 82 a 72. Foi a terceira derrota seguida da equipe, que vinha de um tropeço inexplicável para a Colômbia e de um revés fora de casa diante de Porto Rico.
Como nas últimas quatro rodadas o Brasil faz dois jogos contra os Estados Unidos, provavelmente será necessário vencer Porto Rico em casa e México fora para não dar adeus às chances de classificação para o Mundial. São seis países por grupo, os EUA estão em primeiro, e o Brasil tem a mesma campanha de México e Uruguai (cinco vitórias e três derrotas). Porto Rico aparece com quatro e quatro, mas tanto porto-riquenhos como mexicanos já fizeram seus jogos contra os americanos. Os três primeiros vão ao Mundial e o quarto joga uma repescagem.
Enquanto isso, CBB e LNB brigam. O estopim foi a confederação ignorar o que diz o Termo de Cooperação entre as partes, que na prática criou o NBB e entregou à liga a gestão do campeonato brasileiro masculino, e indicar a LSB, de Sorocaba (SP), para jogar a Liga Sul-Americana, que começa já em setembro. A equipe é a 11ª e última colocada do Campeonato Paulista. Em oito jogos, tem oito derrotas.
O Brasil tem três vagas na Champions League Américas (o equivalente à Libertadores no futebol) e outras três na Liga Sul-Americana (equivalente à Copa Sul-Americana). A CBB conseguiu junto à Fiba, porém, uma quarta vaga nesta última competição, oferecendo-a ao São José, campeão do "Campeonato Brasileiro", que, apesar do nome, é a segunda divisão nacional, organizada pela CBB.
Filiado à LNB e de volta ao NBB depois de tirar licença para se organizar, o clube de São José dos Campos (SP) recusou a vaga, uma vez que o estatuto da liga e o contrato LNB/CBB vetam a participação dos clubes em torneios internacionais a partir de convite, só por meritocracia — e, afinal, o São José jogou a segunda divisão.
Sabendo da iniciativa da CBB, a LNB notificou a confederação extrajudicialmente lembrando do contrato e da regra que coloca o NBB como único torneio classificatório para competições internacionais, mas não obteve nenhuma resposta. Há dez dias, soube pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) que a CBB havia indicado a LSB, vice-campeã do "Brasileiro".
"Temos um contrato assinado em 2008 que diz que ela [CBB] só pode indicar clubes das competições que nós organizamos", diz Sérgio Domenici, CEO da LNB. "Em 2018, quando ratificamos essa cláusula veio estendida, dizendo que tem que respeitar meritocracia. Esse termo foi ratificado em 2018 pelo próprio Guy Peixoto como presidente da confederação", lembra.
A cláusula diz: "É prerrogativa da CBB (..) a indicação dos clubes que representarão o Brasil em Campeonatos, Torneios ou Copas Internacionais. As indicações da CBB atenderão sempre aos critérios de meritocracia das equipes baseada em suas colocações exclusivamente nos campeonatos que a LNB realizar."
Para a LNB, é cristalino que a cláusula está sendo desrespeitada. Se há uma quarta vaga para o Brasil na Liga Sul-Americana, ela deve ser do sétimo classificado do NBB. No caso, o Paulistano. "Estamos brigando pela legalidade, pelo direito, pelo que está escrito. Estamos pedindo uma liminar na Justiça para que seja desconsiderada a primeira indicação, para que a CBB indique o Paulistano, e para que a gente não tenha esse problema no futuro. Para que a gente não tenha que todo ano repetir a ação", continua Domenici.
O basquete brasileiro vivia uma bagunça em 2009, quando a LNB foi criada e negociou com a CBB o direito de organizar o campeonato brasileiro. Depois, criou uma segunda divisão nacional, a Liga Ouro.
Quando Guy Peixoto chegou ao comando da confederação, em 2017, a entidade passou a pleitear voltar a organizar campeonatos. Por um acordo com a LNB, assumiu a responsabilidade pela Liga Ouro, que ela passou a chamar de "Campeonato Brasileiro". O torneio é, claramente, uma segunda divisão nacional, e oferece vaga ao campeão no NBB.
Esse será, aliás, o próximo tópico de discussão. No contrato entre as duas partes, a CBB reconhece que o NBB como "único campeonato brasileiro de clubes de basquetebol adulto masculino de 1ª Divisão" e assume que a confederação não pode "promover Campeonatos ou Torneios com estas mesmas características enquanto a LNB o estiver organizando."
O Olhar Olímpico pediu para entrevistar um porta-voz da CBB, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Em nota, a confederação disse o seguinte: "Para a temporada 2022, o basquete brasileiro manteve suas seis vagas para torneios internacionais FIBA, três para a Liga Sul-Americana e três para a Champions League. Uma sétima vaga internacional, essa para a Liga Sul-Americana, foi criada através de convite da Fiba Américas, mantenedora das competições. A CBB chancela as seis vagas por critério técnico através da Liga Nacional de Basquete, e a Fiba é a responsável técnica e gestora de todo o processo.
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