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OPINIÃO

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Sob Bolsonaro, futebol vira líder em renúncia fiscal pela Lei de Incentivo

São Paulo foi campeão da 1ª Ladies Cup, torneio de futebol feminino com projeto aprovado pela LIE - Twitter/São Paulo Futebol Clube
São Paulo foi campeão da 1ª Ladies Cup, torneio de futebol feminino com projeto aprovado pela LIE Imagem: Twitter/São Paulo Futebol Clube

12/09/2022 13h00

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De longe o esporte mais rico do país, o futebol se tornou, no governo Jair Bolsonaro (PL), a modalidade que fica com a maior parte da renúncia fiscal da União a partir da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). Até então, esse posto ficava com os esportes amadores.

Se em 2018 a União abriu mão de R$ 18 milhões em Imposto de Renda para beneficiar projetos ligados ao futebol, em 2021 esse valor saltou para R$ 65 milhões. De terceiro colocado no ranking de captação, o futebol virou líder absoluto, com mais do que o dobro do segundo colocado.

Os dados vêm de levantamentos diferentes, mas da mesma fonte primária. Até 2018, o próprio Ministério do Esporte apresentava todo ano um estudo detalhando para onde ia a renúncia fiscal via LIE. Sob Bolsonaro, esses números nunca mais foram apresentados publicamente. Mas eles têm sido compilados por uma empresa que atua no setor, a Attitude Esportiva, a partir de dados obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação.

A LIE não permite a apresentação de projetos voltados ao futebol profissional masculino, apenas para a base e para o feminino, ainda que seja possível um projeto classificado como sendo para a base possa beneficiar também o masculino — por exemplo, com a utilização de equipamentos e estruturas adquiridas com renúncia fiscal.

Ainda que as regras não tenham sofrido alteração significativa nos últimos anos, o futebol aumentou consideravelmente o quanto arrecada pela LIE. Eram R$ 18 milhões em 2015, R$ 19 milhões em 2018, e passaram a ser R$ 65 milhões agora.

De forma geral, a LIE tem beneficiado especialmente projetos de esportes profissionais. Em 2021, pelo estudo da Attitude Esportiva, o segundo lugar do ranking ficou com o tênis, com R$ 28 milhões (eram R$ 23 milhões em 2018), e o terceiro com o automobilismo, que arrecadou R$ 23 milhões (eram R$ 12 milhões em 2018). Esses valores não foram corrigidos pela inflação.

Só depois é que aparecem os esportes ditos olímpicos: basquete (passou de R$ 7 milhões em 2018 a 19 milhões em 2021), judô (passou de R$ 13 milhões a R$ 14 milhões) e vôlei (de R$ 6 milhões a R$ 12 milhões). Há um valor consideravelmente alto em "atletismo", R$ 14 milhões, mas boa parte disso provavelmente é para corridas de rua, que já têm outros R$ 14 milhões. Em 2018, as corridas lideravam o ranking, com R$ 25 milhões.

Sob Bolsonaro, o valor total arrecadado via renúncia fiscal cresceu consideravelmente: passou de R$ 254 milhões em 2018, média nominal que vinha desde 2014, para expressivos R$ 488 milhões em 2021, segundo o estudo aqui citado — um relatório do Ministério da Cidadania cita R$ 498 milhões, um pouco mais. Só a Vale doou quase 20% do total.

Mas os problemas persistem os mesmos, especialmente um: o grosso do valor captado fica concentrado no Sudeste (74%) e no Sul (15%). Esses números eram de 77% e 16% em 2018. Nessa estatística, a novidade é o aumento da captação no Distrito Federal.

Bronze no Mundial restaura confiança na seleção masculina de vôlei

Jogadores do Brasil comemoram a conquista do bronze no Mundial de vôlei - JANEK SKARZYNSKI/AFP - JANEK SKARZYNSKI/AFP
Jogadores do Brasil comemoram a conquista do bronze no Mundial de vôlei
Imagem: JANEK SKARZYNSKI/AFP

Só não é possível dizer que "ninguém esperava" uma campanha tão boa do Brasil no Mundial masculino de vôlei porque o técnico Renan Dal Zotto dizia, desde antes do torneio, que a seleção era uma das favoritas. E ele estava certo.

O bronze é pior do que as campanhas de ouro e prata das últimas cinco edições, mas deixou a torcida orgulhosa. Havia um enorme receio de que o Brasil perdesse seu lugar na elite do vôlei, e isso não aconteceu. Mesmo em fase de renovação, a seleção chegou de novo à semifinal, repetindo a Olimpíada, e mostrou que o pior já passou.

Há muito mais pontos positivos do que negativos na campanha. O time só perdeu um jogo, para os donos da casa, nos detalhes do quinto set, e com a lesão inesperada de Lucarelli minutos antes. E conseguiu se reerguer no jogo de terceiro e quarto, algo que nunca havia conseguido em grandes competições (eram cinco jogos e cinco derrotas em Mundiais e Olimpíadas).

Contestado, Lucão chegou voando aos jogos mais importantes, e foi um dos melhores em quadra ontem. Thalles é outro que foi muito bem, dando razão a Renan em insistir em sua escalação. O treinador também acertou em, justificadamente, colocar Bruninho no banco. O capitão aceitou bem a posição, viu Cachopa brilhar em boa parte da campanha, e voltou com tudo quando chamado. O veterano foi fundamental contra Polônia e Eslovênia, lembrando os velhos tempos.

Pessoalmente, acho que não há mais margem para uma troca de treinador visando Paris-2024. Renan tem suas falhas, mas entregou um ótimo trabalho no Mundial. Não há razão para encerrar contrato, não há razão para mendigar a volta de Bernardinho. É com Renan que o Brasil vai buscar mais um ouro olímpico. A depender do amadurecimento de Adriano, Alan, Cachopa e Rodriguinho, pode chegar em Paris com boas chances.

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