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Vôlei e judô viram o jogo após a Olimpíada com boas campanhas nos Mundiais
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Em um tempo não muito distante, em que o Brasil ia aos Jogos Olímpicos para disputar medalha de fato em não mais do que 10 modalidades, judô e vôlei ganharam o rótulo de "carros-chefes" do país no quadro de medalhas.
Esse cenário mudou em Tóquio-2020, exatamente quando o Brasil deu o passo mais firme rumo ao posto de potência olímpica. O vôlei fracassou, ganhando uma única medalha, de prata, com a seleção feminina, e o judô se contentou com dois bronzes, o que acabou sendo muito diante da baixa expectativa.
Pouco mais de um ano depois, as duas modalidades deram a volta por cima. No Mundial recém-encerrado no Uzbequistão, o judô brasileiro ganhou quatro medalhas, sendo duas de ouro, e terminou em segundo no quadro de medalhas. E, como escreveu o colega Guilherme Costa, ainda ficou um gostinho de quero mais.
No vôlei, a prata no Mundial Feminino foi a quinta medalha só nas grandes competições deste ano. A seleção masculina havia sido bronze e, no Mundial de Vôlei de Praia, o Brasil fez um ouro, uma prata e um bronze. E só não ganhou mais medalhas porque as duplas nacionais fizeram diversos confrontos eliminatórios entre si.
Somando o que fizeram judô e vôlei, o Brasil faturou três medalhas de ouro, três de prata e três de bronze em Mundiais. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma campanha assim valeria o 26º lugar. Isso só com duas modalidades.
E a impressão que fica é que os resultados não foram de ocasião. No judô, não é segredo que Rafaela Silva e Mayra Aguiar estão há anos entre as melhores do mundo. Mas os títulos delas vieram de forma incontestável. Juntas, somaram seis ippons, três vitórias por wazari e só uma por desclassificação da rival.
Daniel Cargnin, bronze em Tóquio, subiu de categoria, fez campanha brilhante, e terminou com bronze no seu primeiro Mundial entre os atletas de até 73 kg. E Bia Souza, que já vinha de um bronze no Mundial passado, chegou à prata derrotando a japonesa que chegou ao torneio como favorita e a quatro vezes medalhista olímpica Idalys Ortiz, de Cuba.
E a campanha claramente poderia ter sido melhor, não fosse o "azar" no sorteio — motivado também porque os brasileiros não tinham bom ranking. Marcelo Gomes (90kg), por exemplo, chegou a vencer o vice-campeão olímpico com ippon. Willian Lima perdeu nos detalhes para o japonês que viria a ser prata. Além dele, mais cinco brasileiros caíram para atletas que seriam medalhistas.
Os judocas brasileiros fizeram 48 lutas no Mundial e venceram 31. Considerando toda a competição, só o Japão, maior potência do judô, disparado, venceu mais, segundo levantamento do já citado Guilherme Costa.
Sinal de que as profundas mudanças na comissão técnica da seleção brasileira deram resultado. Ainda no fim do ano passado, a CBJ contratou Kiko Pereira, Andrea Berti e Sarah Menezes como técnicos da seleção, e, depois, Marcelo Theotônio assumiu o lugar de Ney Wilson como gerente de alto rendimento.
No vôlei, a seleção masculina só perdeu um jogo, nos detalhes, para a fortíssima Polônia, na casa deles, e com o importante desfalque de Lucarelli no último set. E a feminina fez campanha brilhante até a final, com direito a duas vitórias sobre a Itália e uma virada épica contra o Japão. Uma pena que, na decisão, não tenha conseguido se sobressair nos momentos mais difíceis diante da fortíssima Sérvia.
Brasil vence os Jogos Sul-Americanos, mas dá pouco espaço a novos atletas
Na primeira grande missão do Comitê Olímpico do Brasil (COB) com Ney Wilson como diretor de Esportes, o Brasil venceu com folga os Jogos Sul-Americanos, disputados em Assunção, no Paraguai. Foram 133 ouros, 100 pratas e um total de 319 medalhas, nesta que é só a terceira vez em que o Brasil é campeão, repetindo 2002 (um torneio realizado de última hora em São Paulo, Rio e Belém) e 2014, em Santiago.
Não que o Brasil não fosse a principal potência poliesportiva sul-americana continuamente nas últimas décadas, mas o COB não priorizava o evento. Este ano, por determinação da presidência do Comitê Olímpico, o Brasil fez esforço para levar seus melhores atletas.
Pessoalmente, não gosto da diretriz. Por exemplo, na canoagem velocidade. O Brasil levou os mesmos atletas que foram ao Mundial, mesmo fora de forma. E abriu mão de levar atletas de menor expressão, no feminino e no caiaque, mesmo tendo vagas. Optou por dar a milésima chance para quem o resultado dos Jogos Sul-Americanos pouco importa, ao invés de dar oportunidade para quem está no segundo escalão exatamente pela falta de oportunidades.
E isso vale na maioria das modalidades. Na natação, era a chance de levar uma seleção B ou C, inclusive para que novos atletas fossem ao pódio de um evento internacional, alavancando a carreira com novos patrocinadores e acesso a uma Bolsa Atleta melhor. Mas a opção foi repetir boa parte do time que foi ao Mundial. Atletas cuja carreira não sofrerá alteração, nem para melhor nem para pior, por terem disputado os Jogos Sul-Americanos.
No fim, esses atletas "consagrados" acabam tirando a atenção dos atletas que têm nos Jogos Sul-Americanos suas grandes chances. É o caso de Gustavo Xavier, que ganhou o mountain bike masculino; Júlia Soares, que faturou quatro ouros na ginástica artística; e Geovana Meyer, de 21 anos, campeã na carabina três posições.
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