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Olhar Olímpico

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Rebeca sobra na classificação do Mundial, mas falha no salto; Brasil é 2º

A ginasta Rebeca Andrade durante o treino de pódio no Mundial de Ginástica Artística, em Liverpool - Ricardo Bufolin/CBG
A ginasta Rebeca Andrade durante o treino de pódio no Mundial de Ginástica Artística, em Liverpool Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

30/10/2022 16h54

Apesar de falhas que tiraram duas ótimas chances de medalha, a seleção brasileira feminina de ginástica artística mostrou força em sua estreia no Campeonato Mundial de Liverpool (Inglaterra). Neste domingo (30), fechou a oitava de 10 subdivisões ocupando o segundo lugar geral, só atrás dos Estados Unidos. Até o fim do dia, ainda se apresentam Itália e Grã-Bretanha, que tendem a ser a duas principais rivais do Brasil por uma medalha por equipes, na terça (1). Quem for ao pódio também garante vaga por equipes nos Jogos de Paris. No individual geral, Rebeca tem tudo para conquistar o título.

Com Rebeca Andrade e Flávia Saraiva em ótima fase, havia a expectativa de que o Brasil brigasse por até oito medalhas neste Mundial, mas duas já escaparam. Uma, o que era um ouro quase certo. Campeã olímpica e mundial no ano passado no salto, Rebeca cometeu um erro grosseiro em sua segunda apresentação neste aparelho, que considera a média de duas apresentações. A brasileira teve a melhor nota do campeonato na primeira (15,066), mas a segunda pior do Mundial na segunda (11,466). Ao fim da passagem, estava em 11º, fora das oito finalistas.

Rebeca também teve dois desequilíbrios importantes em sua série na trave e um no solo. Mesmo assim, como esperado, sobrou na classificação. Tirou a melhor nota do solo (empatada com Flavia), a melhor nota do salto (entre as válidas para o individual geral) e a terceira melhor nas assimétricas. Assim, somou 57,332 pontos, mais de 1,5 ponto de vantagem sobre qualquer outra adversária. Não há expectativa que ela seja ultrapassada por ginastas das últimas duas subdivisões desta fase de classificação, ainda hoje.

Já Flávia caiu na trave, aparelho no qual foi finalista olímpica, e só ali perdeu um ponto, ficando fora da final neste aparelho. No individual geral, somou 54,133 pontos, aparecendo por enquanto em sétimo. Caso acerte sua apresentação na trave na final de quinta-feira, deve brigar por pódio, uma vez que Jade Carrey, dos EUA, está em terceiro com 55,132, exatamente um ponto abaixo de Flávia. A também norte-americana Shilese Jones (55,766) aparece em segundo.

Por aparelhos, Flavinha e Rebeca fatalmente terão vaga na final do solo (estão em primeiro e segundo), Rebeca deverá fazer final das assimétricas e, talvez, da trave. A brasileira aparece em sétimo lugar, mas a tendência é que nem italianas nem britânicas a superem até o fim do dia.

Contando as finais de Rebeca e Flavia no individual geral, são sete finais para o time. Por equipes, o Brasil somou 163,563 pontos, a quase quatro pontos dos EUA, mas à frente de Japão (162,564) e de China (162,064). A França também foi bem, com 161,428.

Como foi o dia

A apresentação do Brasil começou pela trave, aparelho tido como o mais propenso a falhas. E a rotação não foi boa para as brasileiras. Julia Soares abriu com uma falha, nota 12,466, e quase um ponto a menos do que se esperava dela. Na sequência, Rebeca Andrade teve pelo menos dois desequilíbrios e nota ruim (para os padrões dela): 13,400. Candidata a medalha, depois de ser finalista olímpica em Tóquio, Flávia Saraiva chegou a cair da trave e ficou só com nota 12,900. Sem a queda, iria fácil à final.

Depois, a redenção veio no solo. Julia fez o que dela se espera, 13,466, e tanto Flavinha quanto Rebeca foram muito bem, ambas com nota 14,200. Flavia ficou em primeiro pelo desempate: uma execução melhor de uma série mais simples. Rebeca está em segundo, porque quase caiu em um giro.

No salto, Carolyne Pedro fez uma apresentação simples, de 12,933, Flavia Saraiva foi bem com 18,833, e Rebeca deu show na série que valia para o individual geral. Depois, errou aparentemente a entrada na mesa e falhou no salto que valia para tentar vaga na final do aparelho. Se tivesse feito qualquer salto simples, mas correto, ficaria entre as oito.

Depois, nas assimétricas, a apresentação do Brasil foi mais regular. Flavia tirou 13,200 e, Lorrane, 13,233. Rebeca depois fez a série de maior grau de dificuldade do Mundial, terminando com 14,666 pontos, atrás de Nina Derwael (Bélgica), que fez 14,700, e da chinesa Rou Luo, com 14,900.