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Daniel Alves dividiu atenções entre seleção e sua ONG durante Copa do Mundo

Daniel Alves jogou contra a Coreia do Sul na Copa do Mundo do Qatar - Kirill Kudryavtsev/AFP
Daniel Alves jogou contra a Coreia do Sul na Copa do Mundo do Qatar Imagem: Kirill Kudryavtsev/AFP

21/12/2022 17h38

Daniel Alves, lateral-direito reserva da seleção brasileira, trabalhou como presidente de sua ONG, o Instituto DNA, enquanto estava concentrado para a disputa da Copa do Mundo. O UOL teve acesso a um documento assinado eletronicamente registrada no horário em que ele estava dentro do ônibus da delegação a caminho de uma partida.

A assinatura foi feita no dia 2 de dezembro às 14h10 (de Brasília), quando toda a delegação brasileira estava em um ônibus a caminho do estádio Lusail para a partida contra Camarões, a última do Brasil na primeira fase. Foi, também, a única partida em que Daniel foi titular.

O documento é uma declaração de residência, em que cita um endereço em Santana de Parnaíba (SP) como sendo sua casa. Essa declaração faz parte da documentação exigida para receber um repasse de R$ 1,9 milhão do governo federal.

A assinatura foi feita usando a ferramenta Adobe Sign, que promete "os mais elevados níveis de confiabilidade sobre a identidade de cada signatário e a autenticidade dos documentos que eles assinam".

Outros documentos também produzidos durante a Copa do Mundo com a assinatura de Daniel também foram apresentados no processo. É o caso, por exemplo, de uma minuta de cotação prévia, datada de 1º de dezembro, em que Daniel Alves diz que uma caixa de copos de água custa R$ 28.

Nesse caso, o documento não é pessoal de Daniel Alves, mas do instituto. A assinatura é feita em papel, digitalizada, e inserida dentro de um arquivo PDF, o que pode ter sido feito por outra pessoa.

Repasse é para projeto de basquete

O projeto tem como objeto a "implementação e desenvolvimento do projeto Basquete 3x3 no Estado de São Paulo", como publicado no Diário Oficial da União (DOU). O repasse vem de uma emenda do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ex-ministro do Esporte no governo Lula (PT), e foi liberado pelo Ministério da Cidadania de Jair Bolsonaro (PL) no dia 8 de dezembro.

  • Apenas uma cidade é contemplada: São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
  • A ideia é oferecer clínicas de basquete 3x3 em 30 escolas da cidade, tanto da rede pública quanto da rede estadual, com duração média de 45 dias.
  • A maior parte dos recursos, mais de R$ 1,5 milhão, será utilizada em um 'festival' de quatro dias reunindo esses alunos atendidos.

ONGs de Daniel Alves são campeãs de repasses

As duas ONGs de Daniel Alves — o Instituto DNA e o Instituto Daniel Alves — são geridos, no dia a dia, por Maurício Carlos Santos, como o Olhar Olímpico já mostrou. Maurício é um promotor/empresário bastante conhecido no esporte olímpico. Nos últimos anos, tem se dedicado ao basquete, especialmente o 3x3, através de uma empresa própria e, agora, das entidades ligadas ao lateral-direito.

No orçamento do ano passado, ele também conseguiu uma emenda de R$ 3,5 milhões da deputada federal Celina Leão (PP-DF) para um projeto semelhante, que visava oferecer clínicas de basquete a alunos de Salvador, Brasília e Recife e levar essas crianças e adolescentes para jogos da Copa América de Basquete, evento que seria organizado por ele e pelo Instituto Daniel Alves nessas mesmas cidades.

Em novembro, Daniel Alves já havia recebido autorização para captar doações para seis novos projetos pela Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), no total de mais de R$ 7,2 milhões.

Três dos projetos de Daniel Alves são do Instituto DNA, voltado a promoção de eventos de basquete. Foi autorizada a captação de R$ 2,5 milhões para a "Arena 3x3", R$ 1,4 milhão para a segunda edição do Circuito Nacional de Basquete 3x3 e mais R$ 1,8 milhão para o "Qualifier Americas 2023" — assim são chamadas as Eliminatórias da Copa do Mundo de Basquete, restando ao Brasil realizar dois jogos em casa, ambos em fevereiro.

O Circuito Brasileiro de 3x3 de 2022 foi realizado "em parceria com o Instituto Daniel Alves e a MCS Marketing Esportivo", a empresa de Maurício Carlos, de acordo com a CBB.

Também foi aprovado que o Instituto Daniel Alves, projeto social do jogador, capte recursos para outros três projetos. São R$ 795 mil para o Esporte e Cidadania, R$ 268 mil para o 'E-Sports no Instituto" e R$ 533 mil para o projeto 'Formando Campeões'.

Em 2021, o Instituto DNA recebeu aprovação para tentar captar R$ 5 milhões para a Copa América de basquete pela Lei de Incentivo ao Esporte, além de mais R$ 1,1 milhão para o Circuito Nacional de Basquete 3x3. Em 13 de julho veio a aprovação da Comissão Técnica da LIE autorizando o Instituto DNA a executar os projetos com os valores arrecadados até ali: R$ 3,369 milhões para a Copa América (67% do valor máximo) e a totalidade do R$ 1,1 milhão para o circuito.