Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Instituições esportivas agem como se não fossem parte da sociedade
As empresas de comunicação empresarial pediram que os envolvidos no ataque terrorista de ontem (8) em Brasília sejam punidos de acordo com a lei. A associação das firmas que fazem obras rodoviárias se posicionou contra qualquer tipo de violência. A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical repudiou os ataques "criminosos, terroristas e antidemocráticos".
Ainda que estejamos todos cansados das tais "notas de repúdio", elas continuam sendo instrumento de pressão da sociedade brasileira contra tentativas de ataques à democracia. E, desde ontem, elas partem tanto de setores gigantes como os bancos (Febraban), a indústria paulista (Fiesp) e a Ordem dos Advogados (OAB) quanto de grupos mais nichados, não menos importantes.
A sociedade brasileira, afinal, é formada pelos mais diversos atores, das mais diversas áreas, que têm (ou deveriam ter) princípios comuns. Elas não precisam concordar sobre tudo, se posicionar sobre tudo, mas devem se unir quando a ordem democrática é atacada no Brasil.
Os mais diversos setores entenderam isso. O esporte, não.
Exceção à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que foi provocada a se posicionar contra o uso da camisa da seleção nos ataques terroristas, as principais entidades esportivas do Brasil agem como se nada houvesse acontecido em Brasília ontem. Nem para dizer que o esporte ensina que é preciso saber perder.
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Silêncio total por parte do COB (Comitê Olímpico do Brasil), e individualmente dos seus principais dirigentes, idem do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) e da Fenaclubes, a entidade que reúne os grandes clubes sociais do país. Nenhuma palavra a favor da democracia por parte do Conselho Regional de Educação Física, da Abriesp (indústria do esporte) ou da Organização Nacional das Entidades do Desporto. A CBDU, do desporto universitário, e a CBDE, do esporte escolar, também estão em silêncio.
O esporte age como se não fosse parte da nossa sociedade, como se não tivesse nenhuma relação com os princípios democráticos do país. Como se a defesa da pátria se resumisse a participar de uma competição internacional com a bandeirinha do Brasil à frente do nome e as redes sociais só servissem para postar meme e comemorar ranking de engajamento.
Não é uma questão de posicionamento político. De demonstrar preferência por este ou por aquele candidato. É de no mínimo repudiar ataques terroristas que atacaram nossa democracia e destruíram o patrimônio público, prejudicando todo um país. Se o esporte quer ser mais relevante no Brasil, precisa se fazer relevante.
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