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Gari se classifica a Mundial, pede demissão, mas tem visto negado
Fábio Jesus Correia ainda era coletor de lixo em Itaquera, zona Leste de São Paulo, quando venceu o Campeonato Sul-Americano de Cross Country, há três semanas, e se classificou para disputar o Campeonato Mundial da modalidade, na Austrália, no próximo sábado (18). Graças ao título, pôde largar o emprego e fechar com o São Paulo.
Mas, por ainda não ter assinado contrato e estar, oficialmente, desempregado, teve o visto negado pela Austrália e foi impedido de embarcar nesta segunda-feira (13). Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), nem ele nem os outros brasileiros classificados vão disputar o Mundial.
Ainda como corredor amador, Fábio foi o melhor brasileiro na Corrida de São Silvestre, no fim do ano, terminando em quarto no geral. Baiano, ele só começou a treinar atletismo há quatro anos, quando veio para São Paulo a convite do Kiatleta, projeto que tem parceria com o São Paulo Futebol Clube. Até duas semanas atrás, foi ao mesmo tempo atleta e gari.
Convidado para defender o São Paulo, contratado como CLT, pediu demissão da Ecourbis, concessionária responsável pela coleta de lixo na capital paulista. No domingo (12), durante o clássico contra o Santos, foi apresentado para a torcida tricolor no Camarote dos Ídolos, já se preparando para embarcar nesta segunda para o Mundial.
Estava prestes a sair de casa quando recebeu a notícia que seu visto havia sido negado pela Austrália, apesar de ele ser campeão sul-americano. O técnico dele, Elvis Conceição de Santana, e as outras duas brasileiras classificadas, Lucineida Moreira e Gabriela Tardivo, também não conseguiram viajar e todos foram barrados no aeroporto. Lucineida havia acabado de chegar da Colômbia, onde fez treinamento em altitude.
A confederação alega que fez de tudo para que os vistos fossem emitidos, acionando o comitê organizador do Mundial, a World Athletics, o consulado australiano em São Paulo e Brasília, o Itamaraty e a embaixada do Brasil na Austrália. As autorizações para os três haviam saído, mas não constavam no sistema utilizado pela companhia aérea, que impediu o embarque. No caso de Fábio, nem isso, já que o visto foi negado.
"Todos os esforços foram feitos e infelizmente não foram suficientes para garantir a emissão dos vistos para que a delegação pudesse viajar completa", disse a CBAt em nota oficial assinada pelo CEO Cláudio Castilho. Procurado, o São Paulo disse que assinou contrato com Fábio na última semana, depois do processo de solicitação de visto.
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