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OPINIÃO

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Vôlei de praia se moderniza para buscar público e atletas mais jovens

Duda e Ana Patrícia, atuais campeãs mundiais de vôlei de praia - FIVB
Duda e Ana Patrícia, atuais campeãs mundiais de vôlei de praia Imagem: FIVB

Colunista do UOL

27/02/2023 13h00

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Não é segredo para ninguém que os esportes de areia são a coqueluche do longo inverno pandêmico. Que atire a primeira pedra quem não tem um amigo ou parente que joga beach tênis ou futevôlei. As mesmas quadras, os mesmos postes, as mesmas linhas e as mesmas redes podem ser utilizadas pelo vôlei de praia, único dos três que é esporte olímpico, mas que visivelmente chegou atrasado para a pool party.

Salvo uma mudança aqui ou ali, a modalidade tem um circuito igual ao que era mais de 30 anos atrás, quando foi criado. Até o patrocinador master é o mesmo. Não há quem olhe o vôlei de praia e pense: "moderno".

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) identificou e reconheceu isso. E anuncia, nesta segunda-feira (27), uma reformulação no Circuito Brasileiro de vôlei de praia, que tem até uma nova logo, em movimento. O projeto envolve novas cores associadas à modalidade, em um trabalho gráfico bem interessante. Medalhas, troféus, arquibancadas, espaço de eventos, tudo será renovado.

Paralelamente, o calendário também recebeu adaptações. O objetivo é permitir que atletas jovens tenham um caminho mais acessível até a elite. O natural é que esses garotos e garotas levem mais modernidade ao vôlei de praia, com presença em redes sociais e atração de público também mais jovem. O tal do "sopro de ar fresco".

A CBV já havia feito movimento para abrir espaço aos jovens no ano passado, quando reformulou o formato competitivo dos torneios. O principal passou a ser o Top8, com apenas oito duplas por etapa, com um torneio "aberto" dias antes. Mas continuava sendo difícil para uma dupla jovem chegar ao estágio de enfrentar os melhores do país.

Agora, a novidade é a criação de uma base nova para a pirâmide, os campeonatos estaduais. São Paulo, especialmente, tem um circuito relevante, tradicional, mas sem nenhuma relação com o circuito nacional. Agora, os estaduais vão classificar para sete "regionais de acesso", que por sua vez vão dar vaga nos abertos. A ideia é que uma dupla que joga torneios municipais possa, por méritos, chegar à elite.

Para o sistema dar certo, a CBV promete dar R$ 405 mil totais para os estaduais distribuírem em premiação, e outros R$ 560 mil para servirem de prêmio dos regionais. É também uma forma de permitir aos atletas chegarem aos torneios nacionais com mais receitas (em prêmios) do que despesas, já que as viagens são curtas.

Ainda que a premiação total para 2023, R$ 6,9 milhões, seja 15% maior do que os R$ 6 milhões do ano passado, o número de etapas top8 no ano foi reduzido de 10 para 9. É dinheiro que sai dos principais atletas e vai para a base da pirâmide, o que é positivo. Pessoalmente, acho que dá para reduzir mais uma etapa, e ampliar a frequência dos regionais.

Mas a melhor novidade é que, das duas duplas indicadas pelos estados para jogar os regionais, uma precisa ser sub-23. É uma forma de acelerar a chegada dos mais jovens aos torneios abertos, e estimular a permanência dos atletas no vôlei de praia.

Ainda sinto falta, porém, de um ranking mais amplo, voltado não apenas ao alto rendimento, e que considere resultados que vão de torneios entre escolinhas até o circuito mundial, com escalas que vão de 1 a 10, ou 1 a 15. O basquete 3x3 tem isso e funciona muito bem. Seria uma forma de estimular que atletas amadores participem de competições e de fomentar a realização de torneios, atraindo patrocinadores e público para o esporte.

Aliás, acho esse um problema crônico do esporte brasileiro: a incapacidade das federações e confederações de estimularem o atleta amador e se aproximarem dele. Mas esse é assunto para outra coluna.

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