Lula entrega controle do maior orçamento do Esporte a ex-aliado de Moro

Ana Moser é a ministra do Esporte, mas o controle da maior parte do orçamento da pasta será do Podemos, partido que não faz parte, oficialmente, da base aliada ao governo Lula (PT) e que tem no congresso, entre outros, o deputado Deltan Dallagnol. Nesta sexta-feira, Thiago Milhim foi nomeado Secretário Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNEL). Ele foi presidente estadual do Podemos em São Paulo e organizou o partido para o que seria uma campanha presidencial de Sergio Moro.

A SNEL que no governo Bolsonaro (PL) era comandada pela ex-nadadora Fabíola Molina, é a responsável pela distribuição de verbas, especialmente para prefeituras e governos estaduais, para realização de obras como reformas de ginásios e construção de academias populares. É, também, a pasta que tem maior contato com deputados e senadores, controlando a liberação de emendas.

No orçamento aprovado para 2023, de R$ 1,9 bilhões para o esporte, R$ 355 milhões são para projetos sociais ligados a esta secretaria e, R$ 460 milhões. Como comparação, o alto-desempenho, nas mãos da ex-jogadora Marta Sobral (PT), terá R$ 26 milhões, menos de 5% do orçamento que ficará sobre o controle do Podemos.

Thiago Milhim foi, antes, secretário de Esporte na prefeitura de São Paulo, nas gestões de Brunos Covas (PDSB) e Ricardo Nunes (MDB), e também no governo do Estado, com Rodrigo Garcia (PSDB). Ele deixou o município para cuidar da organização do partido para as eleições de 2022, quando Sergio Moro era pré-candidato à presidência.

Depois, quando Moro saiu do União Brasil e o Podemos desistiu de ter candidato a presidente, ele assumiu o comando do Esporte na gestão Rodrigo Garcia, em São Paulo, ficando no cargo até o fim do ano. Milhim foi assessor de José de Abreu, fundador do Podemos, e se aproximou o do Pastor Marco Feliciano, que tratava como "ferrenho defensor da "família" e celebrou seu casamento. Hoje, o político é muito próximo da deputada Renata Abreu, presidente do partido.

Na prefeitura de São Paulo, Milhim foi apresentado como uma pessoa "preta. Na época, cobrado pelo Instagram sobre uma promessa de ter negros e pardos no secretariado, Covas disse que o esporte teria um secretário preto. Milhim, na época, disse ao Olhar Olímpico ser "pardo", "com afrodescendência por parte de pai, que também tem laços na árvore genealógica com descendência sírio-libanesa".