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Futuro do vôlei feminino do Brasil passa pela Turquia

Ana Cristina, ponteira do Fenerbahce - Esra Bilgin/Anadolu Agency via Getty Images
Ana Cristina, ponteira do Fenerbahce Imagem: Esra Bilgin/Anadolu Agency via Getty Images

Colunista do UOL

27/03/2023 13h00

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O recorte da jogada envolvendo duas jogadoras brasileiras de vôlei me chamou atenção enquanto rolava o feed do Twitter, esta semana. Em uma quadra típica de Jogos Regionais, Ana Cristina amortece bem o saque, Macris recebe na mão e levanta na entrada de rede para a própria ponteira, que ataca para baixo, por cima do bloqueio, e crava a bola um metro à frente da defensora. Um espetáculo.

O lance aconteceu no Campeonato Turco, e foi só um dos lances de Ana Cristina que viralizaram nas últimas semanas. Não à toa. Não há nenhum atleta do Brasil desequilibrando tanto nas "Champions Leagues" da Europa quanto a jogadora de 18 anos, que incomodou a comissão técnica da seleção ao recusar a convocação para o Mundial do ano passado para se apresentar mais cedo ao Fenerbahçe.

No jogo que selou a classificação do Fener à semifinal da Champions, Ana Cristina marcou impressionantes 29 pontos. O Conegliano, da Itália, venceu por 3 a 2, mas o time turco passou porque havia vencido por 3 a 0 na ida, com 16 pontos da brasileira.

Na semifinal, o Fener, de Ana Cristina e Macris, vai pegar o VakifBank, outra equipe de Istambul e atual campeã, onde joga a brasileira Gabi, que foi a MVP da edição passada da Champions. É certo que teremos ao menos uma jogadora brasileira na final, que ainda pode ter outra equipe turca, o Eczacibasi, que pega o italiano Novara na outra chave.

O streaming tem permitido que cada vez mais o torcedor brasileiro acompanhe o que acontece no vôlei da Turquia, e a tendência é esse movimento aumentar. Afinal, toda a base da seleção brasileira estará lá a partir do segundo semestre de 2023.

José Roberto Guimarães ainda não anunciou oficialmente, mas vai treinar o THY, uma equipe que hoje briga para ser a quarta força da Turquia (e, com isso, conseguir uma vaga na Champions) e que pretende entrar pesado na briga pelo posto de melhor da Europa e do mundo.

O técnico da seleção brasileira vai levar com ele pelo menos duas jogadoras da seleção brasileira: a central Diana, de 24 anos, há quatro no Barueri, e a ponteira Julia Bergmann, 22, que saiu cedo do Brasil para estudar nos EUA. As duas têm em comum a inexperiência na Europa e a falta de cancha em grandes partidas. Ambas jogaram a Liga das Nações, mas, assim como Ana Cristina, ficaram fora do Mundial. Diana para fazer uma cirurgia na face; Julia, para terminar a faculdade.

Na Turquia, Zé estará perto da maior parte da equipe-base para Paris-2024: Macris, Diana, Gabi, Ana Cristina e Julia. Rosamaria joga na Itália, por onde passa, também, o futuro de Carolana, que vai sair do Praia Clube. Com a grave lesão de Carol Gattaz, abre-se uma vaga na posição de central para a temporada da seleção brasileira em 2023, mas a veterana, aos 42 anos, vai querer voltar para ir a Paris em 2024.

Na Superliga, a briga pelo título está aberta. Não só porque o Praia tem histórico de falhar em decisões e pelo desfalque do Minas. Mas principalmente porque o torneio nunca foi tão equilibrado. Faltando uma rodada, só quatro vitórias separam o segundo do sétimo colocados. E o líder (Praia) vem de derrota para o oitavo (Barueri).

Fabiana Claudino é a verdadeira musa do vôlei brasileiro

Por falar em vôlei, permitam-me uma divagação. Como pode, em um país que tem Fabiana, alguém ter coragem de tratar Key Alves como "musa"?

Fabiana é diferente pelo que faz em quadra e fora dela. Pela coragem de ir a público e, nas redes sociais, defender seus princípios e criticar a colega de clube.

"Quantas vezes vimos e ouvimos que o BBB nada mais é do que reflexo da vida. Reflexo de uma sociedade doente, racista, e que muitas vezes finge se importar com seus erros, mas na verdade, não está nem aí."

O assunto era uma cena em que Fred Nicácio tenta explicar aos colegas de (re)confinamento por que entrou na Justiça contra eles por racismo religioso. Key Alves, uma das acusadas, fez que não era com ela.

"Ser racista e ainda por cima, fingir que não entendeu, respondendo com caras e bocas e ironia, é constatar que empatia falta e respeito não existe."

A central, bicampeã olímpica, poderia ter feito como todos os outros atletas do esporte brasileiro e não ter comentado nada. Poderia ter, assim como Key, fingido que não viu. Ao ter a coragem de comentar, de apontar o dedo, de mostrar o problema, de bater de frente, Fabiana reforça, pela centésima vez, que é fora de série.

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