Topo

Olhar Olímpico

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Nuzman faz primeira aparição pública mais de cinco anos após prisão

Carlos Arthur Nuzman e Radamés Lattari (de costas) na inauguração da nova sede da CBV - Dhavid Normando/FVImagem/CBV
Carlos Arthur Nuzman e Radamés Lattari (de costas) na inauguração da nova sede da CBV Imagem: Dhavid Normando/FVImagem/CBV

Colunista do UOL

05/04/2023 21h22

Condenado a mais de 30 anos de prisão, Carlos Arthur Nuzman reapareceu publicamente ontem (4), enquanto aguarda em liberdade o julgamento dos recursos apresentados por sua defesa. O ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) compareceu à inauguração da nova sede da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), no Rio.

Nuzman não era visto em um evento público desde que foi preso provisoriamente, em outubro de 2017. Nos dias posteriores, ele primeiro se afastou e depois renunciou à presidência do COB. O ex-dirigente ficou 15 dias detido, mas foi solto graças a um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Proibido, como medida cautelar, de ter contato com outros réus e de frequentar a sede do COB, Nuzman se afastou da vida pública no esporte. Logo teve seu espaço político ocupado por Paulo Wanderley, inicialmente eleito vice, e que se tornou presidente do COB.

Nos últimos anos, o ex-homem forte do esporte olímpico brasileiro frequentou principalmente uma livraria perto de sua casa, e restaurantes, longe dos olhares da imprensa. Com os bens bloqueados pela Justiça, passou dificuldades financeiras, segundo relato de uma pessoa próxima. Mas nunca se afastou dos amigos do vôlei, participando inclusive do grupo de WhatsApp de atletas olímpicos da modalidade.

Tanto que estava à vontade, segundo três fontes, entre os convidados da inauguração da sede nova sede da CBV, na quarta-feira à tarde, na Barra da Tijuca. A própria confederação, que teve Nuzman como presidente por 20 anos, informou a presença dele em release divulgado à imprensa.

É também da confederação a foto que ilustra este post, em que Radamés Lattari, presidente em exercício da CBV, mostra a Nuzman o painel de fotos na entrada da entidade, que tem, entre outras imagens, a dos brasileiros que fazem parte do Hall da Fama do Vôlei. Nuzman é um deles.

A defesa do ex-dirigente acredita que, até o fim do ano, Nuzman estará livre do processo no qual está condenado a mais de 30 anos de prisão. Como mostrou a Folha, o juiz Marcelo Bretas declarou, no fim do ano passado, ser incompetente para julgar uma ação penal contra o ex-governador Sergio Cabral que tem ligação direta com a de Nuzman.

Bretas só não se declarou incompetente para o processo de Nuzman porque este caso já saiu das mãos dele e está no TRF-2, órgão de segunda instância. Caso seja declarada a incompetência de Bretas, o processo voltará à estaca zero, com novo julgamento por um juiz sorteado.

Nuzman sempre se disse inocente das acusações e, seus advogados criticam duramente o rito processual. "Nuzman será inocentado, seguramente. Os Tribunais da República não irão prestigiar esta violência jurídica inominável", afirmou o advogado João Francisco Neto, quando da sentença.