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Stephanie Soares: brasileira draftada na WNBA cresceu sem assistir à TV
Mesmo lesionada e fora de toda a próxima temporada da WNBA, Stephanie Soares foi uma das protagonistas do draft da WNBA, realizado ontem (10). A pivô de 2,01m e 22 anos foi a quarta selecionada, ainda na primeira rodada, pelo Washington Mistics, e imediatamente trocada com o Dallas Wings, por onde vai jogar. Mas quem é ela?
Acampamento evangélico
Stephanie foi criada no Acampamento Evangélico Recanto Sal, em Nova Odessa, no interior de São Paulo, administrado pelos pais. Ali, ela e os quatro irmãos, incluindo Tim Soares, da seleção masculina, cresceram sem poder assistir televisão, considerada pelos pais uma distração.
Além disso, recebeu a maior parte de sua educação em casa, orientado pela mãe, que é norte-americana, dentro do sistema educacional dos Estados Unidos. Depois, mudou-se para os EUA para jogar e estudar no High School — equivalente ao nosso ensino médio.
Religião como prioridade
Figurinha carimbada na seleção brasileira desde 2018 e campeã dos Jogos Pan-Americanos de 2019, Stephanie teria lugar nas principais equipes universitárias dos EUA se quisesse. Mas inicialmente não quis.
Preferiu fazer como os pais e estudar na The Master's, uma universidade "com compromisso intransigente com Cristo e com as Escrituras" e que não faz parte do sistema da NCAA, principal liga universitária norte-americana, mas da NAIA, bem menos relevante.
"Desde pequena, o objetivo foi vir para cá e jogar. Eu nunca pensei que queria ter outras oportunidades. Meus pais me ensinaram muito a importância de Deus, da bíblia. Uma das coisas que eu queria focar era fazer crescer meu relacionamento com Deus, aprender mais sobre Ele e sobre a bíblia", disse ela à coluna em 2021.
Família basqueteira
Susan Anderson, a mãe, foi jogadora de seleção americana. Formou-se na Universidade do Texas e veio ao Brasil defender o histórico time do Lacta/Santo André de Janeth. Um dia, na parada de uma viagem, Susan prendeu o anel no brinquedo de um parquinho e perdeu o dedo. Depois de várias cirurgias, voltou ao basquete, foi técnica da The Master's e encerrou a carreira no BCN/Piracicaba.
O pai teve carreira mais modesta. Rogério Soares jogou no time universitário da The Master's e por clubes de segundo escalão do basquete brasileiro até conhecer Susan. Juntos, fundaram a Atletas em Ação, entidade coirmã da mais famosa Atletas em Cristo, popular principalmente entre jogadores de futebol. A ideia é a mesma: utilizar o esporte como ferramenta para levar a mensagem bíblica a mais gente.
Por 17 anos, de 1995 a 2012, o casal foi responsável por um acampamento com dois campos de futebol e três quadras de basquete, onde recebiam equipes para clínicas de treinamento. Foi ali que Stephanie e os quatro irmãos cresceram.
Mudança para a NCAA
Stephanie sobrava na liga NAIA. Tanto que, jogando por uma equipe sem grande tradição de resultados, foi duas vezes eleita a MVP da temporada, em 2019/2020 e 2021/2022 — ela não jogou a temporada intermediária porque sofreu grave lesão no joelho.
Em abril do ano passado, aceitou transferir-se para Iowa State. Ela, porém, só fez 13 jogos antes de sofre uma lesão de LCA (ligamento cruzado anterior) do joelho esquerdo. Estava com média de 14 pontos e 9,9 rebotes.
Mesmo com mais um ano de elegibilidade na NCAA e machucada, ela se inscreveu para o Draft deste ano, cotada como quarta escolha, o que de fato se concretizou.
Stephanie é a primeira brasileira a sair da universidade e ser draftada na WNBA. Até hoje, 13 atletas do país jogaram o torneio: Leila Sobral, Alessandra, Kelly, Claudinha, Adrianinha, Helen Luz, Clarissa, Cíntia, Erika, Janeth, Nadia, Iziane e Damiris, única com contrato na liga.
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