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Olhar Olímpico

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Daniel Nascimento é 4º na Maratona de Hamburgo e se garante na Olimpíada

Daniel Nascimento na maratona do Mundial de Atletismo de 2022 - Carol Coelho/CBAt
Daniel Nascimento na maratona do Mundial de Atletismo de 2022 Imagem: Carol Coelho/CBAt

23/04/2023 07h37

Daniel do Nascimento é o terceiro brasileiro classificado para os Jogos Olímpicos de Paris, no ano que vem. Ele abriu mão de uma concorrida vaga na elite da Maratona de Boston para competir na de Hamburgo, neste domingo (23), na Alemanha. Ali, correu abaixo do índice olímpico e terminou em quarto.

  • Ele completou a prova com a marca de 2h07min06s, cerca de um minuto abaixo da marca de 2h08min10s exigida.
  • Danielzinho tem o melhor tempo da história para um atleta nascido fora da África, 2h04min51, feito em Seul há um ano. Ele chegou a correr para detonar esse recorde em Nova York, mas exagerou no pace e acabou se machucando.
  • Nesta temporada de primavera no Hemisfério Norte, ele chegou a ser anunciado na elite da Maratona de Boston. Mas desistiu da prova, que, apesar de ser muito tradicional, não vale como tomada de índice, por ocorrer em declive.
  • Optou por Hamburgo, uma prova rápida, onde chegou com o melhor tempo. Terminou em quarto, atrás de três quenianos. A vitória ficou com Bernard Koech, com 2h04min09s.
  • Em tese, Daniel não está 100% classificado para a Olimpíada, porque ele perderia a vaga no caso de outros três brasileiros fazerem marcas melhores que a dele.
  • Isso, porém, é altamente improvável. Em todos os tempos, só Ronaldo da Costa (ao bater o recorde mundial) e Marilson Gomes (em Londres) fizeram isso. Entre os concorrentes atuais, José Márcio Leão tem 2h08min07s, Paulo Roberto 2h09min51s e, Daniel Chaves, 2h11min10s.
  • Em Hamburgo, Jonathas de Oliveira ficou em 14º, com a boa marca de 2h10min43s, o que o coloca em 14º de todos os tempos entre os brasileiros.
  • Com o índice olímpico, Danielzinho tem mais de um ano para se dedicar a objetivos pessoais, podendo arriscar como fez em Nova York. Ele vai completar 25 anos em julho.
  • Antes do maratonista, o Brasil conquistou vagas em Paris com Philipe Chateaubrian, do tiro esportivo, e Tati Weston-Webb, do surfe. O futebol feminino também está classificado.

Londres histórica

Também neste domingo foi realizada uma edição histórica da Maratona de Londres, uma das "majors" do calendário.
Kelvin Kiptum fez a segunda melhor marca da história da maratona masculina. Ele venceu com 2h01min25s, performance só 16 segundos pior do que o recorde mundial de Eliud Kipchoge. Foi só a segunda vez que uma prova foi percorrida abaixo de 2h02min.
Além disso, Kiptum teve a melhor segunda parte da prova da história, correndo abaixo de uma hora, em exatos 59min45s. PAra se ter uma ideia, até hoje, entre os brasileiros, só Marilson correu uma meia na casa dos 59 minutos. Kiptum fez isso depois de já ter corrido meia maratona.
No feminino, vitória incrível da holandesa Sifan Hassan, com 2h18min33, em sua estreia nas maratonas. Ela chegou a parar duas vezes durante a prova com dores na perna, mas cresceu no fim a venceu aquela que vinha sendo descrita como a prova mais forte de todos os tempos, com praticamente todas as estrelas da modalidade. Atual campeã olímpica, Peres Jepchirchir ficou em terceiro.
Hassan, que nasceu na Etiópia, é a atual campeã olímpica dos 5.000m e dos 10.000m e sua migração para as maratonas era bastante esperada. Na estreia, já fez mais do que Mo Farah, britânico de origem somali. Ele migrou quando era bicampeão olímpico das duas provas longas de pista, estabeleceu novo recorde europeu, mas nunca conseguiu ganhar em Londres.
O astro se despediu hoje das grandes competições, terminando em 13º. Aos 40, ele ainda vai correr uma prova local britânica, em setembro, antes de se aposentar.