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CBV tem verba bloqueada enquanto movimento olímpico tenta entender punição
As seleções brasileiras de vôlei poderão jogar o Pré-Olímpico e, consequentemente, as Olimpíadas? Elas poderão participar dos Jogos Pan-Americanos? O Comitê Olímpico do Brasil (COB) pode executar os recursos do vôlei, como faz com outras confederações impedidas? Qual o caminho para a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recorrer?
Essas e outras questões estão sem resposta. A punição aplicada pelo Conselho de Ética do COB (CECOB) à CBV foi tão surpreendente e inédita que o movimento olímpico ainda está tentando entender as implicações. Fato é: os repasses do COB à CBV estão suspensos desde ontem (2).
O CECOB já havia dito, em documentos do caso Wallace, que a filiação da CBV ao COB ficaria em risco se a confederação permitisse ao oposto jogar durante a vigência de sua suspensão. Mas a medida, tida como "desproporcional", vinha sendo entendida como uma possibilidade extrema, o CECOB dizendo qual poderia ser a punição máxima, para aplicar uma menor.
Assim, COB, CBV e outros players importantes do movimento olímpico foram pegos de surpresa com a rigidez da suspensão da filiação, que veio acompanhada de notificação ao Banco do Brasil e ao Ministério do Esporte para também suspenderem recursos e até uma recomendação para que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça uma devassa nas contas da CBV.
Como ninguém estava preparado para uma decisão do tipo, também ninguém estava preparado para reagir a ela. Durante todo o dia, as conversas foram no sentido de buscar uma forma de não permitir que a suspensão à CBV afete o vôlei, prejudicando atletas que nada têm a ver com as posturas de Wallace ou da confederação.
Todo ano o COB calcula quanto deve distribuir a cada confederação dentro do que recebe da Lei Agnelo/Piva. Para 2023, a CBV teria direito a R$ 9,8 milhões, além do que o COB vai executar diretamente. Por exemplo, levando as seleções para os Jogos Pan-Americanos, o que é uma responsabilidade do comitê olímpico.
O repasse dos recursos já está suspenso, e o COB estuda se pode pagar diretamente as despesas dos projetos do vôlei. É assim que acontece com os esportes aquáticos, que, por dívidas antigas, não podem receber recursos públicos. O dinheiro vai do COB para o fornecedor, sem passar pelos cofres da CBDA.
Para 2023, os projetos da CBV com recursos da Lei Piva incluem a ida de seleções de base para Campeonatos Mundiais e a participação de duplas de vôlei de praia no Circuito Mundial. Ou seja: o impacto passaria longe de Wallace.
Disputas de poder
Toda a polêmica sobre Wallace estar apto ou não a jogar envolve uma série de disputas por poder. A começar pelas atribuições de STJD e Conselho de Ética do COB. Depois, pela influência de ídolos do vôlei (que defendiam Wallace) sobre Radamés Lattari, que chegou à vice-presidência com o apoio deles e agora é presidente — Toroca está muito mal de saúde e sua substituição é tida como definitiva.
Agora, a discussão deve se concentrar na disputa entre Conselho de Ética e confederações. Se elas entenderem que o CECOB tem poder de suspender uma confederação, elas passam a ficar sob risco.
Assim, uma das possibilidades discutidas ontem é que, sob influência das confederações, o COB convoque uma assembleia geral para decidir sobre a aplicação ou não da pena, se valendo de uma interpretação do estatuto. E, na assembleia, a punição seria amplamente rejeitada, até porque a Comissão de Atletas também se posicionou defendendo que Wallace pudesse jogar.
Título permanece
Derrotado na final da Superliga, com ponto decisivo marcado exatamente por Wallace, o Minas Tênis Clube não cogita recorrer para ficar com o título, dada a uma escalação que pode ser considerada irregular (ao menos para o CECOB).
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