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CBV recusa acordo, e COB vai administrar o vôlei por seis meses
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) se nega a reconhecer que Wallace não poderia ter jogado a final da Superliga, perdeu a chance de uma saída diplomática, e ficará suspensa por seis meses. Neste período, quem vai gerir a representação internacional do Brasil no vôlei será o Comitê Olímpico do Brasil (COB), como determinou a decisão do CECOB publicada na semana passada.
O acordo havia sido costurado entre a diretoria do COB, o Conselho de Ética do COB, o Ministério do Esporte e Advocacia Geral da União (AGU), que foi quem denunciou Wallace por incitação à violência. Representando a CBV, Radamés Lattari chegou a indicar, pelo que apurou a coluna, que topava o acerto, mas que precisava submeter a decisão a outras instâncias da confederação. Depois, voltou com a negativa.
Para outras pessoas que participaram da negociação, o acordo era ótimo para a CBV, dadas as circunstâncias. A confederação não ficaria suspensa, não teria suspenso o contrato com o Banco do Brasil, e até Wallace se daria menos mal: a punição dele para o vôlei interclubes cairia de cinco para um ano, retroativo a fevereiro. Ou seja: ele poderia voltar às quadras durante o segundo turno da próxima Superliga.
Mas a CBV se recusou a atender a condição mínima para um acordo: reconhecer que a punição aplicada pelo CECOB era válida, a decisão do STJD inválida, e que Wallace precisava ter cumprido 90 dias de suspensão. Além disso, que aplicaria até o fim o novo gancho de um ano a Wallace. O cavalo selado passou, e a CBV não pegou.
Agora, o COB se prepara para começar a administrar o vôlei, como já faz com outras modalidades, com destaque para a CBDA, da natação. Os recursos que o comitê repassaria à CBV para esta pagar, por exemplo, a ida das seleções de base para os respectivos mundiais, vai continuar servindo para este fim, mas com o dinheiro sendo aplicado diretamente pelo COB. A verba não passará mais pela CBV.
Há, porém, um impedimento de o COB pagar despesas da chamada "atividade meio" da CBV, como despesas administrativas e o salário de dirigentes. Assim, a CBV tem que usar seus recursos privados para este fim.
A suspensão à CBV não deve, assim, influenciar na participação de times brasileiros em competições internacionais durante o período de suspensão. Da mesma forma, o COB não deverá ter ingerência sobre a organização de torneios nacionais, como a Superliga, já que esta atuação da CBV não é relacionada ao seu status junto ao Comitê Olímpico.
Durante o período de suspensão, a CBV tem compromisso com a FIVB para organizar um Pré-Olímpico no Rio. Continuará sendo da CBV essa responsabilidade, com o COB sendo o responsável por levar a equipe para a o torneio.
Quem manda na CBV?
O presidente eleito da CBV é Toroca, mas ele está com 89 anos, recentemente passou um bom tempo internado no hospital, e não tem contato com ninguém de fora do seu círculo íntimo. Oficialmente, ele estava de licença médica no domingo passado, quando Wallace entrou na final da Superliga, mas o período de 90 dias se encerrou na segunda.
Radamés é vice-presidente e CEO da confederação, que no mês passado alterou seu estatuto para, se o cargo de presidente ficar oficialmente vago, o vice assumir sem precisar de uma nova eleição. É Radamés quem, há anos, fala em nome da CBV com o COB e com patrocinadores. Mas não é dele a palavra final.
Nos bastidores, outras partes envolvidas na negociação apontam a influência de Gustavo Toroca, que oficialmente é só presidente da federação alagoana, mas estaria tomando as decisões da CBV em nome do pai.
Sem o acordo, fica valendo a suspensão da CECOB, e Radamés fica impossibilitado de assumir a confederação por um ano. Se Toroca precisar se afastar, ou morrer, quem vira presidente é o conselheiro secretário, Igor Ribeiro Dantas, da federação do Rio Grande do Norte.
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