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Omissão no caso Wallace vai custar muito caro para a CBV

Wallace Souza em partida da Superliga pelo Sada Cruzeiro - @wallaceleandro08 no Instagram
Wallace Souza em partida da Superliga pelo Sada Cruzeiro Imagem: @wallaceleandro08 no Instagram

Colunista do UOL

08/05/2023 13h00

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Está custando caro à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) a decisão de não mover mundos e fundos para impedir o Sada Cruzeiro de provocar o governo e escalar Wallace para ser o cara do título da Superliga Masculina. Suspensa pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), a entidade deverá ficar seis meses sem receber recursos das Loterias.

Depois de uma primeira resposta, em nota à imprensa, prometendo acionar a Justiça para se defender de uma punição que considerou "totalmente desproporcional e pouco razoável", a CBV recuou e se dispôs a encontrar uma saída diplomática. A coluna Olhar Olímpico contou, na sexta, sobre essa complexa negociação, que até ontem à noite se mostrava infrutífera, por culpa da CBV.

O Conselho de Ética do COB (CECOB), a diretoria do COB e o Ministério do Esporte ofereceram à CBV a saída de reconhecer que Wallace não poderia ter jogado, com o CECOB exigindo, ainda, que a partida final da Superliga fosse anulada, o que as outras partes entendiam ser impossível.

A CBV respondeu a oferta no fim de semana, sugerindo trocar o gancho por uma multa, em valor a ser negociado, além de medidas educativas. A confederação, porém, não aceitou assumir publicamente que errou ao permitir a escalação de Wallace e ao tratar como válida primeiro uma liminar do STJD e, depois, uma liminar de uma câmara arbitral.

A CBV não reconhecer seu erro significa, para o COB e para a CECOB, que existe uma saída para atletas e dirigentes que eventualmente forem punidos por infrações éticas. Por mais que tenha ficado de fora de 17 partidas, Wallace não cumpriu sua punição. Se voltou a três dias do fim do gancho, significa que poderia ter voltado já no primeiro dia.

O erro da CBV, porém, vai além da questão jurídica. Foi também um erro de gestão. Wallace não foi punido por xingar um vizinho. Ele sugeriu que alguém matasse o presidente da República, e quem estava pedindo uma punição a ele não era o Ministério Público de uma cidadezinha de interior, mas a Advocacia Geral da União (AGU).

Aplicar ou não a punição a Wallace era, também, atender ou não os interesses do COB, do Ministério do Esporte e do Banco do Brasil, que são responsáveis por enorme parte das receitas da confederação. E não dá para dizer que a CBV entenda que o que acontece fora da quadra não deve interferir na quadra: seu novo código de ética pune postagens como de Wallace.

Faltou à direção da CBV colocar na balança os prós e os contras de deixar de cumprir a suspensão a Wallace. Ao terceirizar a decisão a uma câmara arbitral, a CBV abriu mão de controlar seu próprio futuro, e acabou à mercê do Sada Cruzeiro, que lidera o grupo de oposição à atual diretoria, atacando a confederação quase diariamente a partir de seu veículo de mídia.

Quanto a Wallace, sua única opção será recorrer à Corte Arbitral do Esporte, que costuma levar bastante tempo para tomar suas decisões, e cobra caríssimo por isso. No Brasil, ele poderia ter a pena interna (para ser cumprida em clubes) reduzida a um ano se a CBV tivesse topado o acordo. Na entrevista que deu ao "Esporte Espetacular", só piorou as coisas, deixando claro que estava arrependido das consequências do seu ato, não do ato em si.

Wallace pode até conseguir decisões favoráveis no STJD ou na tal câmara arbitral, mas a CBV aprendeu a lição e irá fazer prevalecer o gancho aplicado pelo CECOB, que segue sendo de cinco anos. Um fim de carreira indigno (por culpa só dele) de um dos mais vitoriosos jogadores da nossa história.

Brasil tem novas seleções adultas de skate, mas revelação do park fica de fora

O catarinense de 15 anos Kalani Konig - Pablo Vaz/ CBSK/ Divulgação - Pablo Vaz/ CBSK/ Divulgação
O catarinense de 15 anos Kalani Konig
Imagem: Pablo Vaz/ CBSK/ Divulgação

A CBSk anunciou as seleções brasileiras adultas de skate. Chama atenção a ausência de Kalani Konig, de 15 anos, segundo colocado do ranking STU no skate park, atrás somente de Augusto Akio, e à frente de Pedro Barros. Os três são os que estão andando melhor no país atualmente.

No park masculino, a seleção tem Augusto, Luigi Cini, os três Pedros (Barros, Caravalho e Quintas), Luizinho e o veterano Murilo Peres. Kalani segue na seleção júnior, em critério que não foi adotado para outros atletas da mesma idade. No park feminino, Sofia Godoy (14 anos), Fernanda Tonissi (14) e Raicca Ventura (16) estão na seleção adulta, assim como Rayssa Leal está há bastante tempo.

Estar na seleção adulta não é condição para brigar por vaga olímpica, mas é critério para a confederação selecionar quem participa de diversas atividades de preparação, além de ser importante para ajudar atletas a conseguir (ou melhorar) contratos de patrocínio. Kalani merecia esse reconhecimento.

NBB chega aos playoffs com séries disputadas e lota ginásios

Sesi Franca e Unifacisa, no jogo 4 das quartas de final do NBB, em Franca - Marcos Limonti/Franca - Marcos Limonti/Franca
Sesi Franca e Unifacisa, no jogo 4 das quartas de final do NBB, em Franca
Imagem: Marcos Limonti/Franca

Nos números frios, ainda é pouco. Mas as imagens dos playoffs do NBB têm mostrado ginásios lotados e uma atmosfera que faz falta no dia a dia do esporte olímpico brasileiro. A Unifacisa, de Campina Grande, cobrando ingresso, botou mais de mil pessoas em sua acanhada (e moderna) arena, e fez a série contra o Sesi/Franca, até então invicto, chegar ao jogo 5 — a partida será amanhã, às 20h30, no Pedrocão. O campeão enfrentará o vencedor da série entre Minas e Paulistano, que também será decidida no último jogo.

No outro lado da chave, o Flamengo eliminou o Bauru, ganhando no Panela de Pressão para 1.743 pessoas, e o São Paulo tirou o Pinheiros, mesmo enfrentando 1.728 torcedores rivais que esgotaram a capacidade do Henrique Villaboim. Os clássicos dessa semifinal, que serão nos ginásios do Tijuca e do Morumbi, poderiam encher Maracanãzinho e Ibirapuera.

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