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Brasileiro líder do ranking mundial precisa de bombinha de asma para correr
Eduardo Ribeiro Moreira, o Dudu, já sabe o que vai fazer assim que conseguir o tão esperado índice olímpico dos 800m: dar duas borrifadas na bombinha de asma. Líder do ranking mundial da prova mesmo sendo asmático, ele é o grande destaque do GP Brasil de Atletismo, que será exibido hoje pelo UOL Esporte. A largada dele está marcada para as 14h40.
Ainda que seja o atual bicampeão nacional dos 800m, a prova mais tradicional do atletismo brasileiro, o mineiro de 22 anos nunca havia sido listado entre os protagonistas da modalidade por aqui. O plano era dar esse salto na temporada passada, mas a asma não deixou.
"Descobri que tenho asma no ano passado, quando comecei a ter crise, e fui descobrir o que era. Nessa, perdi um mês, fiquei um mês completamente parado. Só de correr leve dava crise de tosse. E foi bem no meio do ano, quando tem as competições", contou à coluna.
Com o conhecimento sobre a doença veio também a solução para contornar o problema: duas borrifadas um pouco antes de cada prova, e duas borrifadas depois. Não mais do que isso: "Se der quatro antes de correr ou mais, tenho que pedir permissão [para a agência de controle antidoping]".
No dia 1º de abril, Dudu esqueceu de usar a bombinha de asma antes de disputar os 800m da Copa Brasil de Meio-Fundo e Fundo. Assim que cruzou a linha de chegada, deitou no chão, sem ar. Saiu da pista e continuou deitado por um longo período. Ao menos estava feliz. Havia vencido com 1min45s32, uma melhora de mais de meio segundo no seu PB, o "personal best", ou recorde pessoal.
"Fiquei muito feliz porque vi que estou no caminho certo e que as coisas estão acontecendo", disse. No domingo passado, voltou às pistas, para o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, novamente em Bragança Paulista (SP), e melhorou de novo seu PB, para 1min45s10. Até então segundo do ranking mundial, com esse resultado ele assumiu a ponta.
Busca por índice
Dudu foi revelado pelo projeto social CRIA Lavras, no interior de Minas Gerais — já escrevemos sobre o CRIA ao contar a história da joia rara de Burkina Faso. Desde 2019 treina em Bragança sob o comando de Clodoaldo Lopes do Carmo. É o atual bicampeão sul-americano sub23 e brasileiro adulto dos 800m, mas sempre com marcas que não valeriam grande coisa em nível mundial.
Neste ano, as coisas mudaram. Com o 1min45s10 que fez no domingo, Dudu poderia chegar, por exemplo, à final do Mundial do ano passado. Só que, para isso acontecer, é preciso primeiro chegar lá.
O atletismo agora tem dois caminhos que levam a Mundiais e Olimpíadas. O tradicional índice, cada vez mais exigente, e um ranking que leva em consideração a média de pontos obtidos por cada atleta, em uma fórmula que inclui o tempo, a classificação e o nível da prova.
Para Dudu, isso significa correr os 800m em 1min44s70 ou buscar bons tempos nas poucas oportunidades que ele tem de correr eventos de nível alto do calendário internacional. É o caso do GP Brasil, que é categoria C. Depois, ele viaja a Europa com programação de correr cinco provas na Espanha, na Hungria e na Suécia. "Meu pensamento é fazer o índice o quanto antes", diz ele.
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