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Olhar Olímpico

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Morre o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Toroca, aos 89

Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca - Divulgação
Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca Imagem: Divulgação

31/05/2023 08h26

Morreu na madrugada desta quarta-feira (31), aos 89 anos, o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido pelo apelido de Toroca. Ele já estava afastado do comando diário da entidade desde antes do início da pandemia, por conta da idade e do estado de saúde, e morreu em casa, em Maceió. Radamés Lattari, ex-técnico da seleção de vôlei, assume a presidência de forma definitiva.

Toroca, dirigente do vôlei de Alagoas, era vice-presidente da CBV quando Carlos Arthur Nuzman partiu para comandar o COB, em 1995, e assumiu o restante do mandato. Depois, voltou ao cargo de vice na gestão Ary Graça. Só os três comandaram a CBV nos últimos 48 anos.

Retornou à presidência em 2014, depois que Ary Graça, já presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), foi alvo de uma série de denúncias de irregularidades na gestão da CBV. Toroca assumiu e não protegeu a antiga gestão da forma que pretendia Ary, que rompeu a aliança entre os dois. Eles então passaram a ser adversários políticos.

Esse racha encerrou um período de 45 anos com um único grupo comandando a CBV praticamente sem oposição. Toroca foi reeleito em 2017 e, em 2021, pela primeira vez em quase meio século uma eleição teve dois candidatos.

O veterano venceu por 151 votos/pontos, contra 96 votos/pontos da chapa de Marco Túlio Teixeira, dirigente da federação sul-americana que tinha Serginho Escadinha como vice e Ary Graça como cabo eleitoral. No total, foram 102 eleitores, mas os votos das federações estaduais e dos quatro representantes das comissões nacionais de atletas de quadra e areia valiam por seis, cada.

A eleição desagradou a elite do vôlei brasileiro, que apoiou a oposição em peso. Toroca, porém, conseguiu a reeleição graças aos votos de federações onde inexiste o vôlei de quadra profissional, especialmente no Nordeste e no Norte do país. Para atender ao desejo desse grupo, ele demitiu no fim do ano passado a CEO Adriana Behar, em uma das raras decisões pela qual ele se responsabilizou nos últimos anos.

De resto, a confederação era gerida por Radamés Lattari, que primeiro foi CEO, virou vice-presidente em 2021, foi novamente nomeado CEO no fim do ano passado, e em janeiro assumiu como presidente interino, enquanto Toroca estava internado em um hospital em São Paulo. Após receber alta, voltou para perto da família.

Era Radamés quem presidia a CBV quando a entidade autorizou Wallace a jogar a final da Superliga, tanto que foi o ex-técnico da seleção a ser suspenso pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Logo no dia seguinte à punição, há um mês, encerrou-se a licença médica de Toroca e ele voltou ao cargo, que seguia ocupando quando faleceu hoje.

"Amigos, infelizmente o voleibol brasileiro perdeu hoje sua maior liderança, e eu perdi um dos maiores amigos que a vida me presenteou, difícil encontrar palavras para descrevê-lo, mas acreditem um ser diferenciado, inteligente, amigo, leal, companheiro, parceiro, família. CRB, Flamengo e Mangueira, eram suas outras paixões além do voleibol e sua família. Que Deus o receba de braços abertos, até breve meu amigo", escreveu Radamés em suas redes sociais.

Em sua mais recente assembleia, já prevendo a possibilidade de falecimento de Toroca, a CBV aprovou uma mudança em seu estatuto para garantir que Radamés assuma a presidência de forma definitiva até as próximas eleições, em 2025. Uma nova eleição para a vice-presidência deverá ser convocada, com a provável eleição de Gustavo Toroca, filho dele.

Toroca, que nasceu em Penedo (AL), foi jogador, técnico e presidente da Federação Alagoana de Voleibol, além de presidente por muitos anos da antiga FADA (Federação Alagoana de Desportos Amadores) e do CRB, apesar de quando mais jovem ter sido torcedor do CSA.

Também participou ativamente da política de Maceió e de Alagoas, tendo sido deputado estadual, vereador por quatro mandatos, duas vezes presidente da Câmara Municipal de Maceió nos anos 1990, prefeito interino da cidade, secretário municipal de Esportes e superintendente da Fundação Educacional de Maceió.