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Olhar Olímpico

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Ginástica de trampolim usa Brasileiro como teste para chegar a Paris-2024

Alice Gomes voa em apresentação de ginástica de trampolim - Hedgard Moraes/MTC
Alice Gomes voa em apresentação de ginástica de trampolim Imagem: Hedgard Moraes/MTC

Colunista do UOL

09/06/2023 04h00

Última das três modalidades de ginástica a ser incluída no programa dos Jogos Olímpicos, o trampolim sempre foi o patinho feio em terras brasileiras. O país só participou das Olimpíadas quando teve vaga para competir em casa e, nos Jogos Pan-Americanos, tem um histórico de apenas duas medalhas. Mas esse cenário está prestes a mudar.

Quem acompanhar o Campeonato Brasileiro de Ginástica de Trampolim, neste domingo (11), com transmissão ao vivo do UOL, vai ver quatro dos melhores atletas brasileiros de todos os tempos, ao menos três deles em notável evolução. "Tanto eu quanto a Camilla, a gente quer fazer séries com mais de 54 pontos", diz Alice Gomes, citando sua principal adversária, e colega de provas sincronizadas pela seleção, Camilla Lopes.

Esse é um nível muito alto mesmo para competições internacionais. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, só as sete primeiras colocadas fizeram apresentações tão boas. E, mesmo assim, tal patamar já não é sonho, mas realidade para o trampolim brasileiro. No Campeonato Pan-Americano de Monterrey (México), há menos de um mês, Camilla faturou o ouro com 55,120. "Tenho mantido a mesma série que comecei a fazer o ano passado, para ficar mais consistente", explica.

As duas têm apresentado nível parecido. No Mundial do ano passado, Alice foi 12ª e Camilla 13ª, eliminadas na semifinal. Como o objetivo para o torneio deste ano, em novembro, na Inglaterra, é ficar ao menos uma delas ficar entre as oito primeiras para conquistar a vaga olímpica, Alice está treinando novos elementos. Se tudo der certo, vai apresentar no Brasileiro o fullin triffis, raríssimo na modalidade.

Se nas ginásticas rítmica e artística uma nota é composta pela soma da dificuldade com a execução, no trampolim são acrescentados outros dois elementos: o tempo que o ginasta fica no ar e quão perto ele se mantém do quadrado pintado no centro do trampolim. É como tiro com arco. Quanto mais próximo desse centro, mais perto de 10.

Além da prova individual, o trampolim também tem a disputa sincronizada, que segue a mesma lógica dos saltos ornamentais. A diferença é que, na ginástica, ela não é olímpica, mas este ano foi incluída no programa dos Jogos Pan-Americanos. Camilla e Alice ganharam a etapa de Copa do Mundo de Baku, no começo do ano, e sonham com o título mundial desta temporada, além do ouro no Pan — no campeonato continental do mês passado, ficaram em segundo, atrás dos EUA.

No masculino, o grande nome do país no momento é Rayan Dutra, que foi medalhista de bronze no Campeonato Pan-Americano, com desempenho muito próximo do vice-campeão, o canadense Jeremy Chartier, quinto no Mundial do ano passado. No Brasileiro, seu principal rival deverá ser o experiente Rafael Andrade, de 37 anos, representante do Brasil na Rio-2016 e que atualmente mora e treina na Alemanha.