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Rivais no Brasileiro, 'irmãs' Gomes sincronizam treino por telefone
Quando Camilla e Alice Gomes venceram a etapa da Copa do Mundo de Ginástica de Trampolim na prova sincronizada, em fevereiro, o perfil da Federação Internacional de Ginática (FIG) exaltou o feito das "irmãs" e se perguntou se 2023 não será o ano do Brasil na modalidade.
No que depender delas, tem tudo para ser. Mas o caminho seria muito mais curto se elas, de fato, fossem irmãs. Apesar de terem sido registradas com o mesmo sobrenome Gomes ao fim do nome, Alice e Camilla (que prefere o Lopes) não têm nenhum parentesco.
O que as une, na maior parte do tempo por telefone, é o sonho de um título mundial em duplas. Neste fim de semana, elas serão adversárias no Campeonato Brasileiro de Ginástica de Trampolim, que terá as finais exibidas pelo UOL amanhã (11), a partir das 9h30. O torneio ocorre em Belo Horizonte (MG).
Camilla, de 29 anos, é a mais experiente. Ela mora e treina nos Estados Unidos, principal polo da modalidade nas Américas, para onde viajou inicialmente para um estágio de três meses, há nove anos. Foi ficando, casou-se com um atleta norte-americano, e evoluiu a ponto de, este ano, pela primeira vez, ganhar de todas as principais atletas do continente para ser ouro no Campeonato Pan-Americano.
Alice, de 24, foi revelada em um projeto social da cidade histórica de Ouro Preto e defende o Minas Tênis Clube. No ano passado, alcançou um 12º lugar histórico no Mundial, uma posição à frente da amiga. "A gente é adversária, mas está sempre tentando uma puxar a outra", diz.
Como são 16 vagas em Paris-2024, oito pelo ranking e pelo menos quatro pela Copa do Mundo, existe uma chance real que o Brasil, que nunca classificou ninguém às Olimpíadas (só competiu em casa, por convite, no masculino), desta vez tenha duas representantes.
Mas elas têm também outra prioridade: conquistar o título do Mundial de Trampolim, na Inglaterra, em novembro, na prova sincronizada, que não faz parte dos Jogos Olímpicos, mas este ano entrou no programa do Pan. O problema é que, se as duplas de países como EUA e Canadá treinam no mesmo ginásio há anos, elas estão separadas por milhares de quilômetros.
"A gente treina por telefone. Uma manda vídeo para a outra, tira o tempo no cronômetro, para sincronizar. Muitas vezes dá errado, mas em muitas vezes dá certo também", diz Alice. Na prova em dupla, é muito importante a sincronia (fazer os mesmos movimentos ao mesmo tempo), mas não dá para pensar em brigar por coisa grande internacionalmente sem uma série de dificuldade alta, o que só é possível pela visível evolução das duas nos últimos anos.
Até o bronze delas em uma etapa de Copa do Mundo em 2019, o Brasil só tinha uma medalha em competições do tipo, conquistada em 2011 por Giovanna Matheus. Juntas, Alice e Camilla chegaram a liderar o ranking mundial. Agora, elas acreditam que podem colocar o país em um novo patamar na modalidade, mesmo a prova sincronizada não sendo olímpica.
"Em Jogos Pan-Americanos, a ginástica rítmica também compete em todos os eventos, bola, maças, arcos, e tal, e não são olímpicos. As pessoas não olham se é olímpico, mas a medalha. Por isso esse título mundial seria importante, para trazer visibilidade para nós, a medalha no Pan também", afirma Camilla.
No Brasileiro, elas serão somente adversárias. São 14 atletas inscritas na elite, com Alice competindo pelo Minas e Camilla pelo Núcleo Tatiana Figueiredo, do Rio. A primeira é favorita ao título da prova sincronizada, em que se apresentará ao lado de xará Alice Albuquerque, garota de 17 anos que fará sua estreia no adulto, enquanto Camilla, atleta mais velha do torneio feminino, vai buscar o título só no individual. Na disputa direta, Alice venceu em 2018 e 2019, mas a veterana levou a melhor em 2022. Em 2021, nenhuma das duas competiu.
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