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Por mais semanas com 40 mil pessoas em um ginásio

Jogo entre Brasil e EUA pela VNL em Brasília - Divulgação/FIVB
Jogo entre Brasil e EUA pela VNL em Brasília Imagem: Divulgação/FIVB

20/06/2023 14h00

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Os relatórios de jogo da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) mostram que quase 40 mil pessoas, no total, assistiram às quatro partidas da seleção brasileira feminina de vôlei em Brasília, na semana passada. Foram 9.973 espectadores no Nilson Nelson contra os EUA, no domingo de manhã, 9.883 diante da Alemanha, no sábado à tarde, 9.378 frente à Sérvia, na quinta-feira à noite, e 8.155 na estreia em casa contra a Coreia do Sul, na quarta à noite.

Pela TV, era possível ver o ginásio praticamente lotado em todos os quatro dias de jogos do Brasil. O preço ajudou: com o desconto dado a praticamente todas as bandeiras de cartão de crédito (uma forma de os organizadores driblarem a meia-entrada), o pacote com os cinco dias poderia sair a R$ 150. No total, a CBV teve uma renda de pouco mais de R$ 2 milhões com bilheteria. Além disso, os torcedores gastaram outros cerca de R$ 2 milhões com itens de consumo no ginásio.

Ginásio lotado para ver as seleções de vôlei não é exatamente uma novidade no Brasil. O que é digno de nota, aqui, é a possibilidade de isso acontecer mesmo cobrando ingresso que não chega a ter valor "popular". Hoje, o vôlei tem uma seleção identificada com o torcedor, e tem também uma boa experiência para oferecer ao fã.

O vôlei tem, afinal, um bom produto. E um bom produto custa caro. O governo do Distrito Federal firmou convênio de R$ 3,5 milhões com a CBV para ter uma etapa da VNL em Brasília. Boa parte desse investimento público fica no próprio estado — no caso, no Distrito Federal — uma vez que banca hospedagem, alimentação, e uma série de serviços terceirizados contratados ali mesmo. Quem investe atrai visitantes (e o dinheiro deles) e ganha exposição. Sem contar a possibilidade de influenciar jovens a vivenciarem o esporte, e tudo que está atrelado a isso.

Não é preciso estudos mirabolantes, como os que tentam justificar o enorme investimento paulistano para ter a Fórmula 1, para dizer que esta é uma conta que compensa ao Distrito Federal. E compensaria a qualquer outro estado que entrasse na briga para atrair uma etapa da VNL.

Nos últimos anos, porém, o número de estados interessados em investir na atração de esporte de alto rendimento, porém, parece ter caído drasticamente. São Paulo saiu completamente do mapa, e prefere torrar o pouco orçamento da Secretaria de Esporte com eventos de participação caríssimos de kung-fu e karatê. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul dependem de ações de prefeituras, assim como Minas Gerais.

Sobram o Rio e Recife, duas cidades que têm apoio tanto do município quanto do estado para atrair competições. No vôlei, a primeira terá o Pré-Olímpico Masculino e, a segunda, o Sul-Americano de seleções. É legal, mas ainda é pouco.

Já se passaram sete anos das Olimpíadas do Rio, a pandemia também já acabou, e o futebol é exemplo claro de como, no pós-Covid, o brasileiro está mais presente do que nunca nas arquibancadas. A hora de estados e municípios voltarem a investir em eventos é agora.

Brasil festeja vaga olímpica no rúgbi - Sudamerica Rugby - Sudamerica Rugby
Imagem: Sudamerica Rugby

Procura-se rival no rúgbi

Pelas contas do COB, o Brasil agora tem 36 vagas garantidas em Paris. Mais doze vieram no domingo (18) com a classificação da equipe feminina de rúgbi sevens, que confirmou o enorme favoritismo e trouxe para casa, de Montevidéu, seu 21º título sul-americano invicto, em 21 participações.

Para quem não é bom de conta: as Yaras nunca perderam na competição continental. Na edição deste ano, válida como pré-olímpico, o time só foi desafiado na estreia contra a Argentina, quando venceu por 17 a 5. De resto, só lavada, mesmo contra Paraguai (27 a 0) e Colômbia (38 a 0), que no passado deram algum trabalho.

É ótimo ganhar, mas é péssimo que seja assim. Hoje a seleção feminina do Brasil está em um limbo. Atropela suas rivais regionais, mas é cada vez mais atropelada em jogos grandes. Na World Series (circuito mundial) deste ano, em 21 jogos de fase de classificação, só venceu dois, ambos contra a Espanha, em Hamilton e em Sydney, onde conseguiu perder dois jogos de "pouco", para Austrália (28 a 12) e Irlanda (26 a 12).

Exceto essas quatro partidas a seleção perdeu, em média, por 29 pontos de diferença nas demais 17 derrotas. Até venceu depois partidas que valiam fugir da última posição, mas passou longe de conseguir brigar contra Espanha para não ficar em 11º lugar na classificação geral entre 11 equipes fixas — os torneios têm sempre um convidado. Como são essas as equipes que estarão em Paris, a realidade das Yaras hoje é classificar fácil para a Olimpíada e, lá, brigar contra o último lugar.

Já é muito melhor do que os homens. O sevens masculino não é prioridade para a confederação, que prioriza o rúgbi clássico. Toda a elite do país treina e joga XV, até porque o sevens tem um só torneio nacional, de dois dias. Quando a seleção se junta para jogar sevens, isso não dura uma semana. Lógico que os resultados não vêm, e ninguém cobra que venham mesmo.

Em Montevidéu, os Tupis até venceram Peru, Colômbia (duas vezes) e Paraguai, mas perderam de Chile (por 31 pontos de diferença) e do campeão Uruguai (por 20). Por terem ficado em terceiro, terão a chance de disputar uma repescagem, onde haverá uma única vaga em jogo, para ser disputada, entre outros, por Chile e dois times europeus da World Series.

COB e CBRu deveriam concordar de não levar a equipe e usar o dinheiro para investir na preparação da equipe feminina. Se o rúgbi masculino de sevens pudesse ganhar algo com a experiência, vá lá. Mas ninguém parece sinceramente interessado em utilizá-la futuramente.

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