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Olhar Olímpico

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CBB tira chancela do NBB e quer organizar Brasileiro sem os grandes clubes

Scala, do Franca, marcado por Bennett e Ansaloni, do São Paulo, no jogo 3 da final do NBB. - Marcos Limonti/Marcos Limonti/Marcos Limonti
Scala, do Franca, marcado por Bennett e Ansaloni, do São Paulo, no jogo 3 da final do NBB. Imagem: Marcos Limonti/Marcos Limonti/Marcos Limonti

29/06/2023 16h42

A CBB publicou documento nesta quinta (29) deixando de reconhecer o NBB como um torneio oficial, para ela voltar a organizar o Campeonato Brasileiro. Os clubes e os jogadores de elite da modalidade, inclusive a base da seleção brasileira, deixam de fazer parte do sistema oficial.

O barril de pólvora dessa briga foi aceso em setembro do ano passado, durante a Copa América masculina, quando a CBB convocou assembleia para retirar a chancela para que a Liga Nacional de Basquete (LNB) organizasse o "campeonato brasileiro masculino", que desde 2009 é o NBB. A assembleia aprovou a retirada, que foi criticada em uníssono pelos clubes profissionais, exceção ao Flamengo, que se absteve.

Recentemente, CBB e LNB voltaram a se encontrar, com a confederação informando que não só retiraria a chancela do NBB como organizaria seu próprio Campeonato Brasileiro de primeira divisão. Todos os clubes que fazem parte da liga, porém, informaram que vão continuar jogando o NBB, incluindo o Flamengo. Vasco e Botafogo também estão inscritos para voltarem ao NBB.

Hoje (29), a CBB efetivou a decisão. "Com isso, não mais mais competições oficiais do sistema CBB ou Fiba toda ou qualquer competição que venha a ser realizada e/ou organizada pela LNB, como o NBB ou a LDB", escreveu a confederação, citando também a LDB, que é a liga de desenvolvimento.

A liga, em resposta, soltou nota lamentando a decisão e afirmando que "mantém sua posição de manutenção do diálogo a fim de encontrar uma solução conciliatória para o caso, o que entende ser o melhor para o contínuo crescimento do nosso esporte", defendendo o NBB como um "campeonato consolidado" que respeita seus torcedores, patrocinadores, atletas e toda a comunidade que forma o ecossistema do basquetebol.

Nos bastidores, a LNB tem dito que o NBB vira uma NBA brasileira, uma referência ao fato de a liga norte-americana existir sem precisar de reconhecimento do sistema Fiba. A partir de agora, o NBB, que congrega todos os grandes clubes de basquete masculino do país, criará seu próprio quadro de arbitragem e seu próprio sistema de registro de jogadores, por exemplo.

Na temporada passada, em uma demostração de que estava disposta a brigar pelo direito de realizar o campeonato brasileiro, a CBB já havia indicado a Liga Sorocabana, vice-campeã do torneio organizado pela confederação, com uma das representantes do Brasil na Liga Sul-Americana. Sem um elenco para jogar neste nível, o time do interior de São Paulo venceu dois jogos e perdeu um. Enquanto isso, o Bauru foi campeão.

Como é a CBB quem indica os clubes para a Liga Sul-Americana, ela deve deixar de fora as equipes que em tese teriam vaga pelo resultado do último NBB, optando pelos melhores do seu "Campeonato Brasileiro", na prática uma segunda divisão, indicando o campeão Cruzeiro e as demais equipes que chegaram ao Final Four: Santos, Liga Sorocabana e AZ Araraquara, os três últimos colocados do Campeonato Paulista.

A dúvida é o que acontecerá com a Champions América, conhecida pela sigla BCLA. A CBB informa que a LNB foi excluída do sistema da Fiba, mas a liga é sócia da federação internacional na BCLA. E é improvável que o torneio abra mão dos clubes do NBB, que fizeram ouro, prata e bronze na temporada passada e venceram as últimas três edições.