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Olhar Olímpico

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Aos 16, Maria Eduarda estreia na elite da GR em caminho até pódio olímpico

Maria Eduarda Alexandre, ginasta brasileira - Ricardo Bufolin/CBG
Maria Eduarda Alexandre, ginasta brasileira Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Colunista do UOL

30/06/2023 04h00

Diferente do skate, que permite que crianças compitam contra adultos sem restrições, a ginástica tem como regra que, no feminino, a estreia no adulto ocorre na temporada em que completa 16 anos. Independente da qualidade técnica, uma jovem só pode comprovar seu potencial contra as melhores quando chega a hora prevista no regulamento. Foi assim com Jade Barbosa, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva. E é assim, agora, com Maria Eduarda Alexandre, grande promessa da ginástica rítmica.

Com 16 anos completados no mês passado, ela fará, a partir de hoje (30), com transmissão do UOL, sua primeira participação em um Campeonato Brasileiro adulto, já como candidata ao título, apesar de o país viver seu melhor momento na história da GR, com final inédita de Mundial, ouro inédito em Grand Prix, medalha inédita em Copa do Mundo, e dobradinha no pódio do Campeonato Pan-Americano.

"Para uma menina de 16 anos, ela vem passo a passo. A nossa construção é diária, o objetivo principal, que a gente tenta trabalhar na cabeça do atleta, é que ela esteja melhor que ela mesma a cada dia", diz a técnica Solange Paludo, tirando peso das costas da garota, e lembrando que o trabalho é a longo prazo, pensando nos Jogos de Los Angeles, em 2028.

O objetivo para daqui a cinco anos é ousado: ganhar uma medalha olímpica, algo que nenhuma brasileira na GR sequer chegou perto. Mas antes há as Olimpíadas de Paris e, apesar da pouca idade, Maria Eduarda quer a vaga.

Eu tenho expectativas muito altas porque o trabalho vem sendo feito há bastante tempo. Eu tenho muita vontade de estar no top 3 esse ano", Maria Eduarda Alexandre, que compete pela AGITO, de Toledo (PR).

O primeiro caminho para chegar aos Jogos de Paris é o Mundial de Valência (Espanha), no fim de agosto. O Brasil tem direito a inscrever até três ginastas, com limite de duas por aparelho. Na prática, isso dá à comissão técnica duas alternativas.

Uma é levar duas ginastas que compitam nos quatro aparelhos, buscando duas vagas na final do individual geral (AA), brigando por duas das 14 vagas olímpicas disponíveis nesta final. A outra é levar três, sendo que só uma teria descarte (são quatro aparelhos e valem três notas na classificação) e uma delas não disputaria a vaga olímpica.

É um jogo de xadrez, e Maria Eduarda quer participar dele. "A gente tem dois focos este ano: um é o Mundial e outro é o Pan. No Brasileiro, quero mostrar que eu consigo ocupar uma vaga para fazer todos os aparelhos no Mundial", diz.

Maria Eduarda Alexandre, brasileira da ginástica rítmica - Ricardo Bufolin/CBG - Ricardo Bufolin/CBG
Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Na sua estreia no adulto, Maria Eduarda já fez duas finais de Copa do Mundo, sempre no arco. Ficou em sétimo em Tashkent, no Uzbequistão, e em quinto em Baku, no Azerbaijão.

Mas seu verdadeiro potencial foi mostrado no Campeonato Paranaense, no mês passado, quando venceu as finais de três aparelhos contra Bárbara Domingos, perdendo só nas fitas, aparelho no qual Babi está entre as melhores do mundo.

O tira-teima seria o Campeonato Brasileiro, em Campo Grande (MS), mas Bárbara sente dores no pé há um mês e será poupada pelo time dela, o AGIR. Sem ela, a disputa direta deverá ser entre Maria Eduarda e Geovanna Santos, do Clube Ítalo, do Espírito Santo, e que foi 23ª colocada no Mundial do ano passado, depois de disputar as Olimpíadas de Tóquio no conjunto. Elas se apresentam em arco e bola, hoje, a partir das 20h10 de Brasília, e em fitas e maças, amanhã, a partir das 20h.

Em outubro, a tendência é que as três estejam no Pan de Santiago. Maria Eduarda já está classificada, por uma vaga extra, dada à campeã do Pan Júnior, que aconteceu em Cali (Colômbia), em 2021. O torneio no Chile dará vaga olímpica à sua campeã, exceto se este país já alcançar o máximo de duas vagas olímpicas pelo Mundial, o que significa que as três brasileiras podem ter que disputar entre si um lugar em Paris.