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OPINIÃO

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CBB só não destroi o basquete brasileiro porque não tem tanta força

Sesi Franca e Unifacisa, no jogo 4 das quartas de final do NBB, em Franca - Marcos Limonti/Franca
Sesi Franca e Unifacisa, no jogo 4 das quartas de final do NBB, em Franca Imagem: Marcos Limonti/Franca

04/07/2023 11h00

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No que dependesse da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), o basquete masculino do Brasil estava enterrado: os melhores jogadores do país, inclusive a base que vai para o Mundial, estariam desempregados, e os clubes estariam de portas fechadas. A sorte é que ela não é tão poderosa quando seu presidente acha que é.

A rejeição ao fim da chancela do Novo Basquete Brasil (NBB), que deixa de ser o "campeonato brasileiro masculino de basquete", só não é unânime na comunidade do basquete porque menos de duas dúzias de presidentes de federações onde não existe basquete profissional a respaldam.

E o fazem sob influência de Guy Peixoto, o riquíssimo presidente da CBB, elogiado por colocar dinheiro próprio na confederação. O cartola, porém, parece ter se convencido de que isso dá a ele o direito de fazer o que bem quer com o basquete brasileiro. Todo mundo é contra o fim da chancela ao NBB, mas ele acha uma boa ideia, então é assim que será.

O movimento da CBB até seria justificável se feito de forma planejada. Se a confederação oferecesse aos clubes a opção de disputar um torneio mais bem estruturado, mais rentável, com mais visibilidade. O que a CBB faz, porém, é dizer que o NBB é um campeonato pirata e que o "oficial" é uma competição irrelevante.

Aos clubes que bancam o basquete brasileiro foram dadas duas opções. Se juntar a um torneio de três meses, contra rivais semi-amadores, onde uma equipe pode ser eliminada com apenas oito jogos, com transmissão só pelo canal de Youtube da confederação, ou disputar uma competição 'pirata', mas que tem 32 rodadas, por toda a temporada, com espaço no SporTV, na ESPN e na TV Cultura, e que, com seus defeitos e qualidades, está sendo pensada e desenvolvida há 15 anos.

É como aquele velho programa de televisão em que o apresentador pergunta se o participante quer trocar uma televisão por um saco de batatas. E o coitado, com os ouvidos tampados, só grita "siiiim". A diferença é que os clubes não estão no escuro, nem rasgam dinheiro. Eles obviamente disseram 'não'.

A CBB ignorou o 'não' uníssono dos clubes brasileiros. Forçou a troca, mesmo assim. Decidiu que o NBB agora é um torneio 'não-oficial' e que o campeonato que vale é o Brasileiro dela. E o público, os patrocinadores, a imprensa, que aceitem que o importante é o campeonato que tem como finalistas os três últimos do Campeonato Paulista, não o que conta com todos os oito primeiros deste mesmo estadual.

A confederação tem a sorte de não ser levada a sério. Na prática, nada vai mudar. Ela vai insistir, em seus canais de comunicação, na falsa grandiosidade do seu campeonato, enquanto toda a atenção estará com o NBB. Vai continuar sendo o NBB o sonho de consumo dos jogadores e também dos clubes que jogam o tal Brasileiro. Continuará ser o NBB a aparecer na TV, lotar ginásio, e formar a base da seleção. Menos mal assim.

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A coluna Olhar Olímpico trouxe, no sábado, uma reportagem sobre o bom momento vivido pela equipe de hipismo saltos. No domingo, Rodrigo Pessoa confirmou essa ótima fase ficando em quarto no GP Rolex de Aachen (Alemanha), o mais tradicional da modalidade, diante de 40 mil pessoas nas arquibancadas e camarotes. É o equivalente, para hipismo, ao que Wimbledon é para o tênis.

Como contou a reportagem (leia aqui), Rodrigo, aos 51 anos, tem agora o seu melhor cavalo desde Baloubet du Rouet, o 'Pelé dos cavalos', com quem foi tricampeão da Copa do Mundo, campeão olímpico em 2004, e protagonista dos Jogos de Sydney, quando o animal refugou três vezes e perdeu uma medalha de ouro dada como certa.

Major Tom tem só 10 anos e é um garoto em um esporte onde os cavalos só podem competir em eventos deste nível a partir dos nove. Em três competições de primeira linha na Europa, fez sempre "duplos zeros" — ou seja, passou sem faltas pelas duas pistas. Nas duas primeiras, ajudou o Brasil a ganhar um ouro e uma prata em Copas das Nações. Deu uma passadinha em casa, em Nova York, e voltou com tudo para Aachen.

Na Alemanha, o conjunto fez mais uma duplo zero, classificando para um desempate contra outros quatro. Aí, vence quem for mais rápido sem derrubar obstáculos. Rodrigo e Major Tom cometeram uma falta e terminaram em quarto, atrás de três alemães. Mas garantiram um prêmio de 150 mil euros.

Yuri Mansur, o outro brasileiro convidado para Aachen, ficou em 15º com Miss Blue, uma égua de criação brasileira que também está voando aos 10 anos. O conjunto venceu o segundo principal GP do evento, faturando uma premiação de 50 mil euros. Desta vez, porém, o Brasil não estava entre os convidados para a Copa das Nações.