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Estudante colegial, sensação do atletismo mundial desafia Paulo André em SP

Quem olha o mapa mundi a partir dos olhos do esporte pode se esquecer que o Suriname é um país da América do Sul. Mais próximos, social e culturalmente, dos países do Caribe, os surinameses só fazem parte da confederação sul-americana em poucas modalidades. O atletismo é uma delas, e isso virou uma pedra no sapato para o Brasil.

A pedra tem nome (Issamade) e sobrenome (Asinga). O garoto de apenas 18 anos já é o sul-americano mais rápido da história, independentemente de vento, e tem tudo para deter o recorde continental dos 100m por muitos anos. A dúvida é se Paulo André Camilo e Erik Cardoso, especialmente, terão antes a oportunidade de serem os primeiros a quebrarem, oficialmente, a barreira dos 10 segundos.

Um confronto entre os três está marcado para hoje (27) à tarde, na pista do Centro Olímpico, em São Paulo, quando eles estarão lado a lado disputando o título sul-americano, uma vaga no Mundial, e, quem sabe, colocar o nome na história. O problema é a previsão de chuva.

Asinga ganhou os holofotes do atletismo mundial entre março e abril, quando ainda estava na escola (literalmente), na Flórida (EUA). Bateu o recorde escolar dos 60m (indoor) e dos 200m indoor e se tornou o primeiro atleta de High School (o equivalente ao Ensino Médio brasileiro) a correr os 100m abaixo de 10 segundos.

Não uma, mas três vezes, todas por muita folga, mas com muito vento a favor. Fez um 9s89, um 9s83 e um 9s86. De quebra, ainda venceu um confronto direto como Noah Lyles, atual campeão mundial dos 200m.

Tais desempenhos fizeram Asinga ser apontado não só como o melhor corredor da temporada no high school americano, mas como mais promissor velocista de todos os tempos, fortemente cotado para se classificar ao Mundial já este ano pela fortíssima seletiva dos EUA.

Mas o velocista, que nunca participou de qualquer competição internacional entre países, tinha três nacionalidades para escolher. Ele nasceu na Flórida, mas é filho de Ngozi Mwanamwambwa, uma velocista que competiu pela Zâmbia, e Tommy Asinga, surinamês que foi rival de Joaquim Cruz e Zequinha Barbosa nos 800m.

Ele foi a três Olimpíadas, a última delas em Atlanta-1996, e ela a duas, também se despedindo na cidade que depois escolheram morar, e onde tiveram Issam. O garoto passou a infância na Zâmbia, onde o pai trabalhava como veterinário, e voltou para os EUA já um velocista promissor.

Recentemente, porém, escolheu correr pelo Suriname. E a estreia dele será em São Paulo, hoje, valendo a chance de disputar o Mundial em Budapeste, no mês que vem. Como as ótimas marcas com vento forte não valem como índice, ele ainda não tem vaga assegurada, o que pode vir com um sub10 ou com o título sul-americano.

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Paulo André e Erik Cardoso estão na mesma briga. PA até já correu os 100m abaixo dos 10 segundos este ano, mas o 9s99 teve vento acima do permitido. No mesmo dia, no Troféu Brasil, Erik fez 10s01, com vento no limite do permitido, e lidera o ranking sul-americano.

As eliminatórias dos 100m estão marcadas para as 14h, e vão contar também com a presença de Alonso Edward, veterano panamenho de 34 anos que é o segundo do ranking sul-americano histórico — no atletismo, o Panamá fica na América do Sul. Depois, a final será 15h30. A entrada é gratuita e o Centro Olímpico fica ao lado da estação AACD-Servidor do Metrô.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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