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CBDU justifica filho de presidente na Universíade: é brasileiro e estudante

A Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) alegou que Leandro Cabral é brasileiro, universitário e tem entre 19 e 27 anos para justificar a inscrição dele, que é filho do presidente da entidade, para disputar os Jogos Mundiais Universitários, torneio conhecido como Universíade, na China.

A resposta foi dada em questionamento ao Ministério do Esporte, que enviou ofício à CBDU após reportagem do Olhar Olímpico. Como mostrou a coluna, Leandro não disputou qualquer seletiva para ser convocado para disputar a Universíade em uma modalidade na qual o Brasil tem centenas de atletas universitários de ponta tanto no país quanto na liga universitária dos EUA.

O garoto, que nunca havia jogado uma competição oficial de tênis, também não demonstrou qualquer nível técnico para estar na segunda maior competição poliesportiva do mundo (só atrás das Olimpíadas de Verão), conforme mostram seus resultados. Leandro jogou três jogos, sendo dois de simples e um de duplas, e perdeu todos de duplo 6/0. Em simples, marcou oito pontos em uma partida, e seis na outra, contra 48 dos rivais.

Ao Ministério do Esporte, segundo revelou inicialmente a ESPN, a CBDU explicou que o garoto cumpria os requisitos para ser inscrito: "o atleta possui todas as exigências formais da competição, tais sejam: ser universitário, ser brasileiro e estar dentro da idade de participação".

Para participar da Universíade, o estudante precisa ter entre 19 e 27 anos. Ele não precisa demonstrar assiduidade na faculdade, nem ser universitário no momento da convocação. Só há exigência de que, durante o torneio, ele esteja matriculado.

No ofício assinado por Luciano Cabral, presidente da CBDU, a entidade argumentou que convocou os campeões da seletiva nacional, o JUBS do ano passado, e que "havendo vagas remanescentes do programa da competição, foi efetuada a inscrição do referido atleta", sem detalhar os motivos pela escolha do filho do presidente.

A CBDU, que recebeu mais de R$ 7 milhões do Ministério do Esporte para levar a delegação brasileira à China, alegou que o "genitor" de Leandro (o presidente da CBDU) pagou pelas passagens dele. A principal preocupação da pasta, no ofício enviado à entidade, era saber se a viagem havia sido custeada com recursos públicos.

O convênio previa também o uso de dinheiro do Ministério para o pagamento de taxas de inscrição, comissão técnica, materiais esportivos, e hospedagem da delegação, sem fazer distinção de quais atletas seriam beneficiados. Além disso, a CBDU recebeu R$ 25 milhões das Loterias no ano passado e R$ 12 milhões para bancar o JUBS, sob a justificativa de que o torneio era seletiva para a Universíade.

Procurado pelo Olhar Olímpico, o Ministério do Esporte não respondeu se recebeu o ofício da CBDU, citado nesta reportagem. "Vamos continuar fiscalizando o contrato conforme nossa competência, dentro dos prazos estipulados pela justiça, com transparência e responsabilidade com a gestão pública", disse a pasta.

Reportagem

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