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NBB tem aumento de 40% na receita em meio a 'concorrência' com confederação

A Liga Nacional de Basquete (LNB), que organiza o NBB, projeta que o seu próximo ano fiscal, que começa amanhã (1), terá um expressivo aumento de 40% na receita, na comparação com a temporada passada, impulsionado principalmente por um novo contrato de patrocínio com a Caixa.

O dinheiro extra vem em momento em que a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) faz promessas de benefícios financeiros para tentar atrair equipes do NBB para o seu "Campeonato Brasileiro". Em reunião com clubes há duas semanas, a confederação prometeu ao menos R$ 1 milhão em prêmios.

"Nossa primeira intenção é desonerar os clubes", diz Rodrigo Franco Montoro, presidente da LNB. "Criamos um comitê de orçamento que tem como primeiro item discutir onde a gente vai poder aplicar o recurso que está entrando adicional, que vem tanto desse patrocínio da Caixa quanto dos outros. A nossa meta é tentar, se não esse ano, mas em breve, que o clube não tenha despesas para jogar o torneio, só a folha salarial dele".

Neto de André Franco Montoro, ex-governador de São Paulo, Rodrigo é representante do Pinheiros na liga e foi aclamado presidente no fim de 2022, para um mandato de dois anos. Ele bate na tecla que a LNB não pensa na concorrência financeira com a CBB, porque "os clubes são a liga".

"O clube vai dizer para ele mesmo quanto vai pagar para ele? Não é como a gente discute as coisas. Não é uma concorrência de quem paga mais ou menos. O que a gente tem como conceito de liga é essa politica de participação na mão dos clubes. É um campeonato consolidado, que tem a elite do basquete nacional, esse é o nosso projeto, nossa razão de existir. Vamos continuar fazendo campeonato de primeiro nível", diz ele.

A CBB não tem escondido, porém, que quer fisgar pelo bolso os clubes que fazem parte do NBB, torneio que ela deixou de chancelar na temporada passada. Antes tratado pelas duas partes como uma segunda divisão nacional, o "Campeonato Brasileiro" organizado pela CBB passou a ser tratado pela confederação como a principal competição nacional masculina de clubes.

Por enquanto, esse reconhecimento existe só no papel. Para clubes, atletas, torcida e opinião pública, nada muda se os principais clubes e jogadores continuarem no NBB. Daí a estratégia da CBB de tentar levar esses times, com esses atletas, para o seu campeonato, e mudar o equilíbrio da balança.

Dos 19 clubes inscritos no NBB, quatro participaram do primeiro encontro com a CBB: Flamengo, que é o principal aliado da confederação, o Botafogo, o Mogi (dois clubes que estavam de licença e voltam esta temporada ao NBB) e o Bauru. Na reunião, a CBB prometeu R$ 1 milhão em prêmios, pagar taxa de arbitragem, deslocamento e estadia nas viagens, e permitir que um mesmo clube jogue os dois torneios. O dinheiro viria de patrocinadores, que não foram apresentados.

No NBB, a taxa de arbitragem chegou a ser paga pela liga, mas voltou a ser responsabilidade dos clubes após a pausa da pandemia. "Esse é um item que pode entrar na discussão de desonerar. Transporte terrestre e hotelaria também. Tudo isso vai entrar na discussão do comitê", explica Franco Montoro.

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Em crescimento

A liga chegou a receber 20 inscrições para a próxima temporada e, por isso, discutiu até alterar a fórmula de disputa. O Rio Claro não conseguiu reunir as condições financeiras, entretanto, se licenciou, o torneio fechou com 19 equipes, e manterá o formato de turno e returno, com novidades nos playoffs, somente — 16 times vão ao mata-mata, e não 12, como era antes.

Três franquias (Universo, Campo Mourão e Rio Claro), porém, podem voltar na próxima temporada, e há o interesse de outros clubes, como o Praia Clube, de Uberlândia, de também entrar na liga. Isso faz com que a Liga Ouro, a antiga divisão de acesso, descontinuada quando a CBB criou o torneio dela, volte ao calendário.

"São alternativas que podem acontecer se houver aumento de clubes participantes. Se a gente conseguir aumentar o número de equipes e fortalecer uma divisão de acesso decente, isso fomenta a disputa, e cresce o interesse de todo mundo. Para o Brasil é importante isso", argumenta o presidente da liga.

Apesar do racha com a CBB, que tira o NBB do chapéu da Federação Internacional de Basquete (Fiba), a liga vai manter o calendário que prevê pausas nas "datas Fiba", para jogos entre seleções, garantido que a seleção brasileira não fique desfalcada — ao menos não pelos clubes brasileiros.

Também há pausas no calendário do NBB para rodadas da BCLA, a "Libertadores" do basquete, e da Liga Sul-Americana, ainda que até agora a Fiba não tenha confirmado quais serão os representantes do Brasil no torneio.

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Com o rompimento do contrato com a LNB, a CBB não tem mais a obrigação de indicar os melhores colocados do NBB passado — pela ordem, Franca, São Paulo, Flamengo e Minas. Mas os clubes que jogaram o campeonato dela não têm nível técnico, em tese, para jogar torneios deste porte. Há o risco de o Brasil ficar sem representação.

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