Walewska priorizou família e abriu mão de carreira multicampeã na seleção
Walewska não entrou para a história como a melhor e mais vitoriosa central que a seleção brasileira já teve. Tinha talento para isso e poderia ter sido protagonista da equipe que viria a ser bicampeã olímpica. Mas fez uma escolha. Entre a desgastante rotina para vestir a camisa verde-amarela e a família, ficou com a segunda opção. E nunca se arrependeu da opção que fez.
"Vi que estava perdendo um pouco a vida com a minha família, porque morava fora do Brasil e, quando vinha, três dias depois eu estava em Saquarema treinando com a seleção. Então, tive que tomar uma decisão, e minha família era a prioridade. Resolvi deixar a seleção para continuar desbravando o vôlei fora do Brasil, que era o que me alimentava naquele momento", contou em entrevista à ESPN Brasil, este ano.
A central tinha só 28 anos quando se aposentou, de forma quase definitiva, da seleção brasileira. Mas seguiu jogando até os 42, duas temporadas atrás. Foi o elo entre as gerações de Ana Paula e Márcia Fu e as garotas que hoje defendem o Brasil, como Tainara, sua ex-companheira no Praia Clube.
Revelada pelo Minas Tênis Clube de Leila em meados da década de 1990, Wal já estava no Rexona/Curitiba de Bernardinho quando chegou à seleção, então sob comando deste treinador. Talvez a meio de rede com melhor passe na história do vôlei, ao menos do brasileiro, não demorou a assumir a titularidade na seleção.
Foi medalhista de bronze em Sydney-2000, aos 21 anos, prata no Mundial de 2006 e em duas edições da Copa do Mundo, e ajudou o Brasil a ganhar três vezes o Grand Prix antes da glória que marcaria sua carreira: o ouro olímpico em Pequim-2008, o primeiro do vôlei feminino brasileiro.
Walewska foi titular em todos os jogos daquela campanha ao lado de Fabiana Claudino, a outra central da equipe. Thaisa, então com 21 anos, era uma reserva de enorme potencial.
Na época, Walewska jogava no vôlei da Rússia e encarava uma rotina desgastante para jogar pela seleção brasileira. Mal a temporada acabava na Europa, ela já se apresentava ao técnico José Roberto Guimarães para meses seguidos defendendo o Brasil. Encerrada a temporada de seleções, já era hora de voltar para o frio da Rússia de novo.
Sabendo que seria bem substituída na seleção, Walewska optou por cuidar de si e da família. E não aceitou voltar nem às vésperas dos Jogos Olímpicos de Londres, quando Zé Roberto a chamou para voltar, para buscar o bicampeonato olímpico.
"Eu troquei a medalha de 2012 pela minha família. E um outro ponto também, uma jogadora treinou o ciclo inteiro para disputar uma Olimpíada, e eu tiraria um sonho de uma pessoa. Hoje vejo qual a relação que tenho com a minha família. Um jogador não vive só de esporte, vive do pós-carreira, das relações que você conseguiu cultivar durante a carreira também. Se não eu estaria hoje com duas medalhas olímpicas e sozinha. Será que vale a pena?", questionou na entrevista ao Bola da Vez.
Ela até viria a aceitar outro convite de Zé Roberto, mas para jogar no Campinas, após as Olimpíadas de Londres. Já estava novamente no Brasil, tendo retornado por uma temporada para defender o Vôlei Futuro, de Araçatuba. Ela ainda passou pelo Minas antes de marcar época como líder do elenco do Praia Clube entre 2015 e 2022, com uma janela de um ano em que jogou pelo Osasco.
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