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Federação de boxe dá calote de R$ 750 mil em medalhistas brasileiros

Expulsa do movimento olímpico, a Federação Internacional de Boxe Amador (IBA) não pagou até agora a premiação prometida a brasileiros que conquistaram medalhas no Mundial Masculino deste ano, em abril. A dívida é de US$ 150 mil, cerca de R$ 750 mil.

Quando já era ameaçada de expulsão pelo COI e impedida de realizar o torneio olímpico, em 2021, a IBA passou a prometer pagar premiações altas, incompatíveis com suas receitas. O objetivo, segundo ela, era estimular, financeiramente, que os melhores boxeadores do mundo seguissem no boxe 'amador', sem precisar migrar para o profissional.

Para o Mundial Masculino realizado em abril, o anúncio foi de um prêmio de US$ 200 mil (R$ 1 milhão) a cada um dos 13 medalhistas de ouro. Os vices levariam US$ 100 mil (R$ 500 mil) e, os medalhistas de bronze, US$ 50 mil (R$ 250 mil). No Mundial Feminino, em março, o prêmio foi a metade desses valores.

Campeã mundial, Beatriz Ferreira recebeu US$ 100 mil, enquanto Bárbara Santos, bronze, levou US$ 25 mil para casa. Mas os prêmios de Wanderley 'Hollyfield' Pereira, US$ 100 mil, e Wanderson 'Sugar' Oliveira, US$ 50 mil, nunca foram pagos.

Em junho, eles estavam presentes a uma recepção ao russo Umar Kremlev, presidente da IBA. Ligado ao governo da Rússia, o dirigente veio a São Paulo como parte de sua campanha para ter apoio de atletas antes da votação que acabaria por expulsar a IBA do movimento olímpico.

Como a coluna contou, Kremlev enfatizou, durante seu discurso aos atletas, que a IBA aumentaria ainda mais premiações, inclusive para competições regionais, distribuindo US$ 400 mil (R$ 2 milhões) a cada campeão do próximo Mundial. A ideia era que os boxeadores, seduzidos por esse valores, se tornassem seus aliados contra a expulsão.

Mas não só o COI decidiu desfiliar a IBA como a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) foi a primeira federação nacional da América Latina a se filiar a World Boxing, entidade criada pelos EUA e que tende a se tornar a federação internacional do boxe perante o movimento olímpico.

Irritados com o calote, os boxeadores brasileiros pediram ajuda da direção da CBBoxe, que se vê de mãos atadas. Não é mais filiada à IBA, que por sua vez está irritada com os brasileiros, que pularam do barco semanas depois da visita de Kremlev. E, como a IBA também não é filiada ao COI, os mecanismos para puni-la pelo calote são escassos.

A coluna entrou em contato por e-mail com a IBA sobre o não pagamento das premiações, mas não obteve retorno. Caso a entidade se manifeste, o texto será atualizado.

Reportagem

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