Prefeitura de São Paulo e COB planejam candidatura pelo Pan de 2031
A prefeitura de São Paulo e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) planejam lançar a capital paulista como candidata a sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031. Uma reunião das duas partes com a PanAm Sports deve acontecer nos próximos dias, em Santiago (Chile), onde o Pan-2023 começa oficialmente na sexta (20).
"Essa conversa já vem há algum tempo, desde que começamos a nos aproximar do COB. Já tratamos sobre isso com o Paulo Wanderley e o Rogério Sampaio quando eles visitaram a prefeitura, e o prefeito já nos autorizou a assinar uma carta afirmando nossa intenção de nos candidatarmos a sediar o Pan", explicou, à coluna, Cacá Vianna (Podemos), secretário de Esportes da prefeitura de São Paulo,
O relacionamento entre COB e prefeitura de São Paulo tem se estreitado nos últimos meses. Primeiro, o COB anunciou o Parque Villa Lobos, que é estadual, como sede de uma fan fest durante os Jogos Olímpicos de Paris. Depois, a prefeitura patrocinou a realização do COB Expo na cidade, no mês passado.
Agora, São Paulo pagou R$ 1,8 milhão à agência responsável pela montagem da Casa Brasil Santiago, espaço de relacionamento do COB em Santiago, para ter ali a "Casa São Paulo", que poderá servir para estreitar o relacionamento entre o governo municipal e o movimento pan-americano.
Amanhã, uma comitiva representando a prefeitura parte para Santiago, para participar da cerimônia de abertura e abrir diálogo com a PanAm Sports, que é presidida pelo chileno Neven Ilic. "Queremos entender qual é a lição de casa que é preciso ser feita para recebermos o Pan daqui a oito anos", afirma Vianna.
Só nessa reunião a prefeitura vai solicitar o chamado caderno de encargos, que diz que infraestrutura é necessária para o Pan. Atualmente, São Paulo é carente de equipamentos esportivos mais específicos. Não tem velódromo, pista de BMX ou canal de canaogem velocidade. A raia da USP está muito ultrapassada, e as piscinas olímpicas públicas, inoperantes. As boas pistas de atletismo têm arquibancada e infraestrutura pequenas.
A cidade foi sede do Pan em 1963, e boa parte do que existe hoje de estrutura esportiva "olímpica" em São Paulo vem daquela época. Desde então, a capital paulista recebeu eventos importantes do calendário internacional, mas já são 12 anos desde o último: o Mundial de Handebol Feminino de 2011. Hoje, São Paulo é palco somente de eventos nacionais e, ocasionalmente, continentais.
Nisso, ficou muito para trás do Rio, que tem equipamentos novos ou reformados para a Olimpíada de 2016, e até de Brasília, que tem recebido etapas da Liga das Nações de Vôlei e foi palco de uma etapa da Copa do Mundo de Triatlo no fim de semana passado.
A candidatura também seria uma forma de o Brasil voltar a ter relevância na política internacional do esporte olímpico sete anos depois do afastamento de Carlos Arthur Nuzman. A realização de grandes eventos costuma ser uma oportunidade nesse sentido. Hoje o Brasil tem os presidentes das federações internacionais paralímpica e do desporto militar, o vice no universitário, e um dos vices no esporte escolar.
Só no olímpico não ocupa cargo no alto escalão, não só no COI, mas também na PanAm Sports, que tem comitê executivo com 19 membros, nenhum do Brasil. Na Odesur, o maior país do continente ocupa a segunda vice-presidência.
Pesa contra uma possível candidatura de São Paulo o fato de as três edições anteriores do Pan terem acontecido na América do Sul: Lima (2019), Santiago (2023) e Barranquilla (2027). Os EUA, porém, terão acabado de organizar a Olimpíada de 2028, em Los Angeles, e o Canadá, em 2015, e o México, em 2011, receberam o Pan mais recentemente do que o Brasil, que foi palco do Pan de 2007, no Rio.
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