Ouro no Pan põe Rabelo de novo no jogo após cirurgia igual à de Neymar
O Pan 2023 é seletiva olímpica, ou evento válido para o ranking olímpico, em muitas modalidades. Mas não no skate. Ouro no street, Lucas Rabelo não ficou mais perto de Paris por isso. Mas o skatista cearense, radicado em Porto Alegre, vai voltar de Santiago com outra moral.
"Já cheguei nesse evento mais confiante. Acredito que quando você pratica bem, está preparado para isso, já chega mais tranquilo. Mas, obviamente, não é nada fácil. Você tem que ter aquela confiança, mas ao mesmo tempo tem que botar os pés no chão e pensar: 'tá, aqui tem muitas pessoas boas também. Então, a gente tem que jogar o jogo'", diz.
Esse é um jogo duríssimo, com muitos jogadores em boa fase. O skate tem uma cota de até três skatistas por país por prova na Olimpíada, que o Brasil fatalmente vai alcançar, e a disputa sempre teve um favorito: Kelvin Hoefler, prata em Tóquio, e que tem um quarto e um terceiro lugares entre os quatro eventos válidos para o ranking olímpico até aqui.
Nas últimas semanas, dois outros skatistas mostraram trabalho, porém. Giovanni Vianna foi bronze em uma etapa do ranking olímpico na Suíça, e Felipe Gustavo ganhou a etapa da SLS de Sydney, que não vale para a corrida olímpica, mas o reposiciona como um nome forte na prova mundialmente.
Agora, a lista tem um quarto skatista de elite. Não só pelo ouro no Pan, mas pela forma com que ele foi conquistado, com duas notas acima de 90 pontos nas manobras.
"Acredito que eu tenho skate para ficar fazendo pódio como todos os outros que estão em todos os eventos têm. Então, é mais questão de você jogar o jogo certinho. Às vezes os obstáculos não te convêm muito. A gente joga com o que tem, a gente anda de skate com o que tem, seja o obstáculo que for, a gente está dando o nosso melhor para poder, quem sabe, estar em 2024 em Paris representando o Brasil."
Só mais uma chance
Os eventos do ranking mundial são, até aqui, abertos. Muitas vezes, com mais de 100 competidores. Ao fim do ano haverá um corte, para só os 44 primeiros continuarem na briga, sendo no máximo seis por país. Rabelo é o 46º, nono melhor brasileiro. Mas um bom desempenho no evento que falta para o corte, o Mundial no Japão, em dezembro, mudaria o rumo da história.
"A gente faz a conta, claro. O Mundial é importantíssimo, é um evento que pode mudar todo o jogo. Não está nada longe, não está nada definido ainda. Se você olhar na matemática bem ali, dá para ver que dá para chegar", afirma.
Manobra, o skatista de Fortaleza tem. Ele vice-campeão de 2021 do Super Crown da Street League Skateboarding (SLS), evento que é reconhecido no meio como um Campeonato Mundial, mas sofreu uma grave lesão no início de 2022. Um rompimento no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo (LCA), que exigiu uma cirurgia igual à que Neymar será submetido.
"Foi irritante, difícil de aceitar, porque eu estava sentindo que eu estava indo tão bem, podia melhorar muito, estava necessitando dessa melhora, e estava muito confortável com meu skate, com a minha pessoa. Era o ano que eu ia vir mais forte, estava me sentindo muito melhor, foi frustrante. Mas não foi algo que me fez ficar mais forte psicologicamente, mais preparado para as coisas que estão por vir", contou ele a esta coluna em janeiro.
Na época, o Olhar Olímpico contou como ele vinha comemorando pequenas vitórias, como simplesmente poder voltar a andar de skate. Menos de um ano depois, o sentimento dele é de recuperação total.
"Eu sinto meu joelho tranquilo. Acho que você trabalha bem, trabalha certinho, acredita no seu time, acredita em você, no seu potencial, as coisas acontecem da melhor maneira possível. Sinto meu joelho 100%, tô tranquilo, tô feliz com isso. Estou orgulhoso de todo o trabalho duro que eu venho fazendo."
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