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Leão de final: Nory vira a chave após trauma e sai do Pan cheio de medalhas

Arthur Nory correu o risco de cair duas vezes das barras paralelas, mas se segurou. Não o suficiente para conseguir a vaga olímpica, mas dentro do que precisava para continuar de cabeça em pé. Aos 30 anos, ele se reencontrou dentro do Pan, ganhou um ouro e duas pratas, e saiu de Santiago como o grande nome da ginástica artística brasileira entre os homens.

"Eu acho que foi essa virada de chave no sentido de buscar a felicidade em mim, a felicidade do por quê eu estou aqui e buscar essa dificuldade, essa competitividade que eu sempre tive. Eu estou tentando ainda descobrir como que foi, o que que eu aprendi aqui. Eu faço com muita paixão, com muita dedicação", diz.

Santiago-2023 é o terceiro Pan da carreira de Nory. Em Toronto, um ano antes de ganhar o bronze olímpico no solo, só foi ao pódio por equipes. Em Lima-2019, foi prata no individual geral e na barra fixa, em preparação para ser campeão mundial da barra fixa.

Agora, a ordem se inverteu. O Mundial já foi, e ele não foi bem-sucedido. A equipe não conseguiu vaga olímpica, e ele caiu e terminou em sexto na final da barra fixa, sem vaga olímpica. O caminho para carimbar o passaporte a Paris era o sucesso no individual geral do Pan, após quatro anos sem disputar essa prova. E quase deu certo. Ele passou, venceu a disputa interna com Yuri Guimarães, foi bem na final, mas errou (feio) nas barras paralelas.

"Eu estou lutando muito por isso desde o primeiro dia do Mundial, que era a equipe, depois a final da barra, depois o individual geral. Então é mostrando que eu estou lutando para poder conseguir essa vaga, que é o meu maior sonho", continua.

Passada a decepção de a vaga olímpica não vir pelo Pan, Nory foi muito bem nas finais por aparelhos. Foi segundo no solo e por pouco não beliscou o ouro no salto. "Competi só uma vez com esse segundo salto, em 2018, em um Brasileiro. Mas falei: vou fazer esse salto difícil mesmo, porque vou disputar a medalha. Eu vim doido. Não treino ele, só fiz no aquecimento, não foi bom, mas estava no gás, estava confiante. Pedi para os meninos gritarem lá para mim, e foi."

Nory empatou com a melhor média, 14,466, mas ficou com a prata. Com essa nota, ele teria sido oitavo colocado do último Mundial, por exemplo. "Eu vi que o segredo é ir dificultando, é pensar que vou dificultar, vou para buscar medalha, ir para cima".

O ouro que estava faltando veio na barra fixa. E, novamente, com apresentação de primeiro nível, com nota que valeria o quinto lugar do Mundial. "Fiquei triste porque não veio a vaga agora, mas eu estou com o coração em paz porque eu sei o quanto a gente está lutando em equipe e o quanto a gente briga para poder conquistar essa vaga", revelou.

O caminho para a vaga é a Copa do Mundo por aparelhos, que terá quatro etapas entre fevereiro e março, valendo os três melhores resultados. São duas vagas por aparelhos, mas países e atletas já classificados não concorrem. Nory acredita que pode buscar a classificação tanto pela barra fixa quanto pelo solo.

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"Salto é um pouco difícil. Mas solo e barra dá para buscar, dá para aumentar a dificuldade. Eu tenho muita dor na perna, no joelho, o joelho incha muito, agora quatro dias seguidos fazendo solo, salto, meu joelho já está uma bola gigantesca, meu pé também. Eu tenho um esporão no calcanhar que começa a doer muito, muito, muito. Então o treino é bem difícil."

Muito mais fácil, para ele, é competir. E, no Pan, Nory mostrou que, se tem atleta que é leão de treino, ele é um leão de final. "Eu gosto muito de competir. E eu sei os altos e baixos, eu sei que o esporte é isso, eu sei que tem hora que você vai acertar, hora você vai errar. Aqui, fiquei feliz de acertar bastante."

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