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Entenda erro com cones que deixou prova da marcha 4km menor do que deveria

"A gente vai ser zoado pelo mundo inteiro, eternamente", diz Gianetti Sena, técnica e mãe de Caio Bonfim, que conquistou a prata na prova de marcha atlética (supostamente) 20km dos Jogos Pan-Americanos. A zoação, ou, mais grave do que isso, as críticas, são porque a organização simplesmente errou na metragem da prova.

A marcha atlética é disputada em circuito fechado, que costuma ser de 1km. Os atletas marcham por 500m, fazem uma curva em 'U', percorrem mais 500m no sentido oposto, até mais uma curva em U. Isso acontece dentro da uma área gradeada, e a pista é demarcada por cones.

A medição é feita por um medidor, um profissional qualificado para fazer esse serviço em provas de rua. Em Santiago, o responsável era Marcelo Ithurralde, vice-presidente da Federação Paraguaia, medidor nível A da World Athletics, e indicado pela federação pan-americana de atletismo.

As brasileiras Viviane Lyra e Gabriela Muniz, que participaram da primeira prova do dia, com largada às 7h, perceberam algo estranho no aquecimento. Na primeira volta, o erro ficou claro, com boa parte das marchadoras fazendo um ritmo médio bem abaixo do ranking mundial. A delegação brasileira foi atrás de Marcelo, que negou qualquer erro. Só no sexto quilômetro o medidor decidiu checar, e descobriu que o circuito não tinha 1km, mas 820m.

A opção foi manter a prova, que teve vitória da peruana Kimberly Garcia, campeã mundial de 2022. Ela foi acompanhada no pódio de Glenda Morejón, do Equador, e da compatriota Evelyn Inga. Viviane Lyra chegou em quarto. Como ela teve cerca de 16,8km, e não 20km, os tempos foram desconsiderados.

A competição masculina deveria ser logo depois, mas foi adiada em meia hora para a medição ser refeita e, os cones, colocados no lugar certo. Supostamente os competidores participaram de uma prova de 20km, mas como isso não pôde ser auferido de forma oficial, os tempos vão devem valer para o ranking mundial — ainda que apareçam lá enquanto este texto é publicado.

Bronze em Toronto-2015 e prata em Lima-2019, Caio Bonfim chegou a liderar a prova até os 14km, mas foi deixado para trás pelo equatoriano David Hurtado, que venceu com 1h19min20s, novo recorde dos Jogos Pan-Americanos. O brasileiro, que este ano bateu recorde nacional em 1h17min47s, completou quatro segundos atrás. "Jogos Pan-Americanos é colocação, não é tempo", minimizou.

Ainda assim, esta foi a quinta vez, só este ano, que Caio completou a prova abaixo de 1h20min. "Eu sei do trabalho que tenho feito, não é para qualquer um, você estar 12 anos entre os melhores da América. Só o Sérgio Galdino [antigo recordista brasileiro] fez 1h19min56. Eu fiz outras sete vezes. Isso mostra o nível em que estou. Estou muito feliz com o resultado", completou.

Quem também ficou feliz com o desempenho foi Matheus Correa, de 24 anos, que terminou na quinta colocação. Ele buscava o índice olímpico, que não veio por somente 9s, e terminou com 1h20min19s no relógio, abaixo do antigo recorde dos Jogos Pan-Americanos. "Em toda a história dessa prova, eu sou o quinto. É muito gratificante, e sei que estou no caminho certo", disse. Atleta de Blumenau (SC), ele baixou em 21s o melhor da carreira.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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