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No boxe, cartela cheia não é bingo, mas sinônimo de sucesso

O técnico Mateus Alves mantém no celular a imagem de uma cartela, que está cada vez mais cheia. Ela mostra os 13 titulares da seleção brasileira de boxe, comandada por ele, e os quatro eventos prioritários da equipe: os Jogos Sul-Americanos, Pan-Americanos e Olímpicos, e o Mundial.

O objetivo é completar ao máximo a cartela com medalhas de ouro, prata ou bronze. Quanto mais quadradinhos ilustrados, maior o sucesso. Em Santiago, quase toda a coluna do Pan foi completada. Dos 13, só quatro tinham medalhas. Agora, só falta Wanderson Oliveira, que por sua vez compensa com dois ouros em Jogos Sul-Americanos e um bronze mundial.

"A meta de cada um é cumprir os quatro, ganhar as quatro medalhas. E consegui que seja eles que queiram isso para eles, não sou que que tem que querer, são eles", diz Mateus, que nem precisa olhar para a tabela para saber quem ainda não conquistou o que. "O Abner agora conquistou a segunda medalha 'Pan', mas falta o Mundial. O Wanderley nesse ciclo ganhou Sula, Pan e Mundial. Falta a Olimpíada..."

Cartela da equipe de boxe do Brasil
Cartela da equipe de boxe do Brasil Imagem: Reprodução

Os números são impressionantes para uma modalidade que sofre com a evasão de talentos. Ao fim do todo ciclo olímpico, os melhores se profissionalizam. Mesmo assim, hoje seis integrantes da seleção são medalhistas mundiais. O que falta, porém, é um ouro pan-americano para o time masculino.

"Estou sofrendo porque não tenho ouro masculino, isso tá me matando. Só falta para mim como técnico o ouro pan-americano masculino, e não vou sossegar enquanto não tiver. Em Olimpíadas, participei do Robson, do Esquiva que foi prata, estive o ciclo todo ao lado do Hebert, mas ouro Pan vai ser no próximo, pode dizer aí que eu estou prometendo", assegura.

A cartela, porém, não será completa a todo custo. A seleção chegou a quatro finais masculinas, atrás desse ouro inédito, mas não participou de duas por decisão do próprio Mateus, que retirou Abner Teixeira e Michael Douglas das finais, para evitar o agravamento de lesões. Os dois lutadores ficaram bravos, o ouro não veio nas outras duas finais com brasileiros, mas Mateus tem confiança no que vem fazendo

"O Hebert [Conceição], no campeonato mais forte da Europa, cruzou com o ucraniano, queria lutar de qualquer jeito, mas estava com uma lesão, eu não deixei. Queria me xingar, ficou bravo. Falei: 'Você vai lutar 50% contra um animal?'. Aí chegou na Olimpíada, eles se encontraram, e a gente ganhou o ouro. Falei a mesma coisa pro Abner: 'Não é agora, vai ser em Paris'."

Além de Abner, o Brasil tem outros oito classificados às Olimpíadas de Paris. Ao fim dos Pré-Olímpicos continentais, é o país com mais vagas. As quatro restantes podem vir a partir dos Pré-Olímpicos Mundiais, e essa é a próxima meta da seleção. "Um sorteio pode fazer toda a diferença. Não é muito melhor pegar um Julio [Cesar la Cruz] na final do que na primeira rodada? Sempre pode cair com alguém que você tem mais ou menos dificuldade. Vamos atrás dessas vagas", diz.

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Só Viviane Pereira, Luiz de Oliveira (Bolinha), Yuri Falcão e Wanderson 'Shuga' não têm vaga olímpica, ainda. Shuga foi bronze no Mundial deste ano, já estreou diante de um equatoriano que viria a ser finalista, e é quem mais tem chances de pegar a décima vaga para o Brasil.

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