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CBV explica problemas em início conturbado da Superliga

Um vídeo postado pela central Thaisa durante um treino do Minas em Maringá, mostrando diversas falhas na quadra e uma iluminação bastante deficiente, foi só o mais recente caso de problemas neste início de Superliga de Vôlei. Nem todas as partidas têm desafio de vídeo, em quatro jogos o sistema simplesmente não funcionou e, em um, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não escalou nenhum árbitro para fazer o serviço.

Além disso, enquanto a confederação comemora os 30 anos do torneio, seguem os problemas estruturais, como ginásios com goteiras e outros com má ventilação, que se transformam em um forno durante esses dias de calor em muitas regiões do Brasil.

"O vôlei tem uma dimensão muito grande dentro do país. A exposição da modalidade também é bastante elevada. Só na quadra são 250 jogos nesta temporada, 800 reprises. É um esporte que movimenta a paixão das pessoas, a opinião das pessoas, e a gente tem que entender isso e buscar dentro do nosso trabalho reduzir ao máximo interferências negativas dentro dos jogos e promover ao máximo situações positivas para que a qualidade do vôlei jogado e apresentado aumente. Esse é o nosso objetivo", diz Jorge Bichara, diretor de esportes da CBV.

O Olhar Olímpico conversou com ele para entender como a CBV se posiciona em meio a este início conturbado. Confirma a entrevista:

Olhar Olímpíco - O sistema de checagem de vídeo tem recebido muitas críticas. No episódio mais grave, não foi escalado um árbitro de vídeo para a partida entre Fluminense e Pinheiros, na Superliga Feminina. O que a CBV tem a dizer?

Jorge Bichara - Houve um problema de comunicação entre a área técnica da CBV e a Cobrav (Comissão Brasileira de Arbitragem de Voleibol) na indicação de um árbitro para assumir o controle do desafio durante esse jogo. E isso aconteceu mesmo. A gente apurou internamente a questão da comunicação, a gente lamenta ter ocorrido, e criamos mecanismos internos para isso não se repetir. Mas aconteceu uma vez, será que é o caso para se tornar um problema gravíssimo? Ocorreu o problema, criamos mecanismos para resolvê-lo. A gente tem que lamentar falha e procurar não repeti-la.

Outra crítica recorrente é a falta de sistema de desafio de vídeo em todos os jogos. Alguns têm, outros não têm, alguns deveriam ter e não tiveram...

O sistema de desafio foi adquirido progressivamente pela CBV. Para esta temporada a gente trouxe mais quatro kits, então temos 12, que se distribuem de acordo com a logística de utilização dos equipamentos. Por exemplo: tem um no Rio que se altera entre Flamengo e Fluminense. O Sada tem o sistema dele, mas alguns clubes, por questão financeira, optaram por não assumir o custo de operação.

A gente já fez 31 jogos [33 com os de ontem à noite] e teve problemas em quatro, três do masculino, um e meio do feminino — porque em um jogo teve problema no inicio do primeiro set — , exatamente com os equipamentos novos que a gente trouxe da Itália. Era problema de configuração dos aparelhos. Esse do Fluminense e Pinheiros a gente teve um problema com o equipamento que não funcionou. Foi o mesmo montado no Flamengo e Barueri um dia antes, e lá ele funcionou. Em Pinheiros x Fluminense, a falta de um árbitro seria solucionada pela equipe, mas o aparelho não funcionou no dia.

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Dos 24 clubes que jogam a Superliga, 16 estão arcando com os custos do desafio. Os demais, não. E, sem eles, muitos jogos não têm o sistema. Não seria o caso de a CBV pagar por essa operação, e garantir uma Superliga em condições iguais para todos os times?

A gente garante essa questão do desafio em todos os jogos a partir dos playoffs. Na fase inicial a gente não conseguiu recursos para disponibilizar para todos. O nosso objetivo é tirar o custo dos clubes e absorver pela confederação, mas ainda não é possível, ao menos nessa temporada ainda não. Mas estamos trabalhando para absorver esse custo.

Mesmo quando o desafio funciona, ele tem apresentado falhas visíveis, lances que um árbitro de quadra pode errar, mas que a revisão serve exatamente para corrigir. Por que isso tem acontecido? E como resolver?

Eu entendo que esse processo de orientação, educação, capacitação, identificação de problemas, tem que ser contínuo. A gente está trabalhando nesse processo de padronização de arbitragem, integração arbitragem com operadores de vídeo. Nesse fim de semana a gente tem em Osasco um encontro de nossos principais árbitros e nossos principais operadores para definir padrão de decisões. É uma questão que não é um encontro, é um processo contínuo, vai ocorrer durante toda a Superliga, durante todo o ano.

Mas essa capacitação não deveria ter sido feita antes?

Existe um processo de capacitação feito pela Cobrav. Mas isso é continuo, tem que acontecer o ano inteiro. Era para ser feito antes, é para ser feito agora, é para ser feito para frente, é um processo contínuo. O modelo (de sistema de vídeo) que a gente recebeu agora é diferente do que a gente tinha anteriormente, a configuração é diferente. Tem que ser continuo, não pode ser uma vez só.

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E como a CBV reage à crítica feita pela Thaisa, que mostrou, em um vídeo, diversas falhas na quadra do ginásio de Maringá, durante treino do Minas?

Foi um problema no processo de lavagem na véspera. Era para ter sido conferido no dia seguinte? Sem duvida, era para ter sido conferido. Não ocorreu a visualização pela manhã, mas foi corrigido ao longo do dia. Não falei com a Thaisa ainda. Ela tem o canal aberto para a falar com a confederação, como qualquer atleta. A gente busca entender os problemas e dentro da responsabilidade a gente atua para buscar a integridade, a qualidade do espetáculo e a promoção do torneio.

Depois de 30 anos, a impressão é que a Superliga, os ginásios da Superliga, têm os mesmos problemas estruturais de 10, 15 anos atrás. Por que a estrutura dos ginásios continua tão deficiente?

A Superliga A, no masculino e feminino, envolve 24 equipes com seus investimentos, suas estruturas, suas parcerias, sua forma de existir, subsistir, se manter, e promover o voleibol dentro do país. O país tem carências em todos os níveis e no esporte não é diferente. Nós temos uma relação direta com os clubes buscando sempre a melhor qualidade das instalações esportivas. Uma instalação que permita que os atletas desempenhem bem, que permita uma transmissão de TV, mas alguns ginásios estão cedidos a empresas privadas que têm suas negociações impeditivas. O Rio, por exemplo, possui ginásios de qualidade, mas não conseguiu se chegar num número que permita aos clubes fazerem esse investimento para jogar nos ginásios como suas casas oficiais. A CBV vai atuar para melhorar a estrutura como ela pode, cedendo equipamentos, mas existe uma realidade nacional em relação à qualidade das instalações esportivas. Não tem como fechar os olhos para isso.

Reportagem

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